Educação ambiental nas escolas esbarra no despreparo de professores
2005-06-02
Por Lara Ely
A falta de vontade política agravada pelo despreparo de boa parte dos educadores emperra a implantação da educação ambiental nas escolas públicas gaúchas. A questão veio à tona durante um encontro promovido pela Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul em conjunto com a Federação das Associações dos Municípios (Famurs) e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), na terça-feira (31/5). O evento reuniu políticos e educadores para resolver como aplicar a disciplina de educação ambiental nos rincões do Estado.
A coordenadora de Educação Ambiental da Secretaria de Educação, Stela Gaya, manifestou-se sobre a difícil concretização da disciplina. Conforme ela, o projeto que vem sendo realizado surgiu depois da Conferência Nacional do Meio Ambiente - Vamos Cuidar do Brasil - em 2003, quando um grupo de estudantes reivindicou maior participação de seus professores na formação dos cidadãos conscientes. — A fase de treinamento para professores da rede pública estadual e municipal está se encerrando, e a próximo passo é avaliar o impacto que teve nas escolas, alunos e comunidade - explica.
Stela garante que a aceitação por parte dos professores e comunidade em geral, está sendo grande, muito embora, a qualidade dos projetos não esteja garantindo a captação de recursos do governo federal. — O dinheiro está retornando para o governo - acredita.
Mais problemas: — O despreparo da parte dos magistrados para elaboração de estratégias de ensino atrapalha. Muitos não sabem como fazer estes projetos. O desconhecimento na área ainda é muito grande- lamenta Gaya
O Coordenador do Núcleo de Educação Ambiental do Ibama, José Eduardo Zago Jovanovich, discorreu sobre a distribuição dos recursos. Ele discorda que o Rio Grande do Sul não esteja recebendo o que mereceria. De acordo com ele, existe uma verba fixa que está entrando conforme o esperado. — O dinheiro vem a partir de demandas espontâneas, ou seja, são previstos no orçamento a fim de suprir carências sociais - ensina.
Os recursos para o Rio Grande são provenientes de dois fundos: Fundo Nacional de Educação e do Fundo Para o Meio Ambiente. Há também, financiamento para novos projetos, que são utilizadas ao longo do governo para suprir demandas especiais. — Aí se encaixariam os recursos para programas ambientais, que pela insuficiência de qualidade ou mesmo pela ausência de conhecimento, não chegam a ser repassados - alfineta.
O evento também discutiu as atribuições dos municípios na implementação da gestão ambiental.
Os presentes ainda debruçaram-se sobre o processo de municipalização dos licenciamentos ambientais promovido com sucesso pelo órgão ambiental, para desespero de muitos ambientalistas, que enxergam na questão uma janela para o descaso com o meio ambiente.