Capixabas marcham em apoio à demarcação de terras indígenas
2005-06-01
Uma marcha de apoio à demarcação das terras indígenas e contra o plantio da monocultura de eucalipto será realizada nesta quinta-feira (2) em Vitória. A atividade começa com concentração dos participantes a partir das 13 horas, na praça do Papa. Às 14h, os manifestantes saem, para ato público às 17 horas. O local do ato será divulgado na concentração. Os índios autodemarcaram suas terras este mês, retomando 11.009 hectares da Aracruz Celulose.
A atividade em apoio aos índios capixabas é uma das atividades da abertura do Encontro Nacional da Rede Alerta contra o Deserto Verde, que será realizado em Vitória na sexta-feira (3) e sábado. Vão participar representantes do Espírito Santo, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Pará e Rio Grande do Sul. A Rede é formada por cerca de 80 entidades da sociedade civil, e luta contra os plantios de eucalipto e suas conseqüências sociais.
Os índios capixabas perderam 11.009 dos 18.070 hectares de suas terras para a Aracruz Celulose. Foram humilhados durante anos pela multinacional, que contou com o apoio do Governo Federal (na ditadura militar e no período de Fernando Henrique Cardoso) e do Governo Estado.
Os índios cansaram de ser espoliados e de esperar providências do Governo para reparar as injustiças cometidas contra eles. No último dia 17, armados com arcos e flechas, bordunas e tacapes e, munidos de foice, facão, machado e moto-serras, começaram a autodemarcação de suas terras.
A Aracruz Celulose foi criada para satisfazer os desejos e encher os bolsos do norueguês Erling Sven Lorentzen, ligado à família real de seu país. A celulose que exporta sem pagar impostos, gerou lucro à empresa de R$ 1,870 bilhão somente nos anos de 2003 e 2004. A celulose é usada principalmente para produzir papel higiênico na Europa e nos Estados Unidos da América.
Os primeiros eucaliptais foram plantados em novembro de 1967. Boa parte dos seus lucros a empresa conseguiu lançando na miséria absoluta os índios e os quilombolas, estes no norte do Estado, e milhares de pequenos agricultores, no Espírito Santo e na Bahia. Os índios anunciaram que não vão mais sair de suas terras. (Seculo Diário, 31/05)