Prefeitura de Santa Maria não resolve a situação dos catadores do lixão
2005-05-31
Os primeiros raios de sol surgiam entre os morros e iluminavam os caminhões estacionados na estrada ao lado do Lixão da Caturrita, em Santa Maria. Eram os atravessadores do lixo de prontidão na manhã de sábado para comprar o que seria tirado do lixo. Após quase oito horas de trabalho, desviando dos arames farpados, dezenas de homens e mulheres surgiam carregando sacos de material para levar para os caminhões. Eles estavam no lixão desde a madrugada. Descumpriram uma determinação judicial e voltaram a buscar o sustento onde o lixo da cidade é jogado.
O material era pesado no caminhão e pago ali mesmo. Cada quilo de garrafa PET era comprado a R$ 0,75. Em pouco mais de dez minutos, o catador Jocemar rodrigues, 19 anos, tirou mais de R$ 20. Rodrigues foi uma das dezenas de pessoas que voltou para o lixão. No sábado pela manhã, eram mais de 80. Desde o dia 16, quando foram proibidos de entrar no lixão, os catadores eram acompanhados pela prefeitura, que doou cestas básicas as 180 famílias cadastradas. O grupo foi levado para o horto municipal, onde a prefeitura, em conjunto com o projeto Esperança/Cooesperança, prepara um terreno para plantação, criação de gado e um galpão para reciclagem. O problema é que os resultados não são imediatos, o que dividiu o grupo. Parte dos catadores, apoiados pelo vereador Cláudio Rosa (PMDB) decidiu invadir o lixão. Outro grupo - cerca de 20 - ficou com a prefeitura. Três famílias estão até morando no horto.
O espaço do horto tem condições de abrigar apenas 40 famílias. O diretor da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Ildo Callegari, diz que o espaço deve ser ampliado. Mais um problema a vista, já que um criador de gado invadiu a área do horto com uma cerca, que a prefeitura pretende retirar. No dia 31, o prefeito Valdeci Olveira se reúne com os catadores e deve anunciar novas medidas. O problema do lixão deverá voltar à Justiça. A Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), que ingressou com a ação que resultou na retirada dos catadores, pretende entregar hoje ao juiz da 1ª Vara Civil, Régis Bertolini, um relatório da situação. O engenheiro da Fepam, José Mallmann, disse que a fundação não quer os catadores no lixão. (Diário de Santa Maria, 30/05)