Biopirataria: Cacique confirma ida ao Canadá
2005-05-30
Em depoimento à CPI da Biopirataria, o chefe do posto da Funai em Colider, cacique Megaron Txucarramãe, admitiu que viajou ao Canadá para oferecer madeira a uma empresa daquele país, com autorização do Ministério do Meio Ambiente e do próprio Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Minutos antes, ele havia garantido que jamais saíra do país.
O cacique negou envolvimento na suposta doação pelo Ibama de 66 mil metros cúbicos de mogno situado em terras indígenas, cuja extração é ilegal, à ong Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional. Segundo denúncias que chegaram à comissão, o material doado à ong pelo Ibama foi vendido irregularmente a empresas japonesas e norte-americanas. O depoimento não convenceu o deputado Hamilton Casara (PL-RO), que presidiu a audiência. Ele disse que vai pedir a convocação do assessor do cacique, conhecido como Chicão, e de um representante da ong para depor na CPI. Para Casara, é preciso fortalecer a presença dos órgãos públicos nas reservas indígenas para evitar a extração ilegal de madeira. - Precisamos fortalecer o braço do controle da fiscalização e monitoramento ambiental - afirmou o deputado.
No depoimento do dia 26/05, Megaron Txucarramãe relatou à CPI que os madeireiros abandonaram as reservas indígenas depois que o governo proibiu a extração de mogno. O cacique, então, teria ido ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ibama pedir orientação sobre o uso da madeira, quando teria recebido autorização para oferecer o produto a empresas interessadas, em troca de compensação financeira para as aldeias. O depoente chegou a exibir uma carta do Ministério do Meio Ambiente para comprovar suas afirmações, mas o documento apresentado não contém a suposta autorização para negociação de mogno. A CPI volta a se reunir nesta terça-feira (31), quando serão ouvidos o ex-coordenador de Proteção de Terras Indígenas da Funai, Antenor Bastos Filho, e o assessor do presidente do Ibama, Paulo Henrique Borges Júnior. (Página Rural, 27/05)