Plutônio foi abandonado em poço por nove meses na Inglaterra
2005-05-30
Dezenas de milhares de litros de material líquido altamente radioativo vazaram sem informação ao público durante nove meses desde a ruptura de um controverso duto em uma planta de reprocessamento de plutônio em Sellafield, na Inglaterra. Foi o pior acidente nuclear da Grã-Bretanha nos últimos 13 anos.
O vazamento, detectado no mês passado, resultou de uma série de erros humanos e de engenharia que causaram a formação de uma espécie de piscina olímpica cheia de líquido nuclear, que foi acidentalmente descartado. A magnitude do incidente coloca em xeque o futuro já conturbado das plantas de reprocessamento de urânio. As investigações sobre o caso foram tornadas públicas somente nas últimas duas semanas.
A British Nuclear Group, companhia responsável pelas plantas, admitiu, no final da semana passada, que os trabalhadores fracassaram em respondera indicadores de alerta que davam sinais de que um duto mal projetado havia originado um vazamento já em agosto do ano passado. O pântano de líquido nuclear, de 83 mil litros, foi eventualmente descoberto no último dia 19. A companhia ordenou uma revisão para checar outros potenciais vazamentos causados pela fadiga do metal e, com urgência, apontou Ter havido complacência da equipe de monitoramento.
As autoridades ministeriais, no entanto, apenas buscaram fazer com que a área não fosse reaberta por causa do incidente, considerado sério pela Agência Internacional de Energia Atômica. Em uma declaração liberada no último sábado (28/5) pela Agência de Desmantelamento Nuclear, foram discutidas as implicações do incidente para a segurança pública. A agência terá agora que enfrentar uma batalha para fechar a planta.
O vazamento vem à tona exatamente quando ministros e empresas da área nuclear preparam-se para dar apoio público à nova geração de estações nucleares para ajudar a atingir alvos de emissões referentes à questão da mudança climática. Isto explica por que o primeiro-ministro Tony Blair e o novo secretário de Estado para Comércio, Alan Johnson, têm sido tão relutantes em tratar o caso. A companhia, no entanto, está diante de um processo criminal, embora tenha dado garantias de que o vazamento não colocou pessoas em risco. (The Independent, 29/5)