Empresários britânicos pedem lei para controlar emissões
emissões de co2
2005-05-30
Os maiores empresários da Grã-Bretanha querem que o primeiro-ministro Tony Blair crie políticas de longo prazo para combater as mudanças climáticas. Em carta a Blair, os dirigentes das 12 maiores companhias britânicas dizem que a mudança de clima é um enorme desafio e que precisa de pesados investimentos das empresas.
Eles dizem, no entanto, que não podem investir porque não sabem com certeza quais são os planos do governo na área de clima. Os empresários afirmam também estar preocupados com as perspectivas de perigosas mudanças de clima. A carta é assinada pelos dirigentes de BP, Shell, HSBC Bank, Scottish Power, BAA, John Lewis e outros. Juntas, essas empresas empregam 763 mil pessoas e têm um faturamento anual de 452 bilhões de libras (mais de R$ 2 trilhões).
A carta foi organizada pelo programa Prince of Wales Business and Environment, do príncipe Charles. Os empresários dizem que apóiam a meta do governo de reduzir as emissões de CO2 em 60% até 2050. Eles lamentam que as empresas e o governo estejam em uma situação difícil, que gera paralisia. Enquanto os empresários esperam uma definição do governo, este, embora fale das mudanças, tem meda da reação das empresas.
No ano passado, a Confederação das Indústrias Britânicas (CBI, na sigla em inglês) fez um lobby bem-sucedido contra as reduções, dizendo que a medida prejudicaria as empresas da Grã Bretanha. O Departamento de Comércio e Indústria e o primeiro-ministro vêm apoiando a posição da CBI. Na carta, porém, os líderes empresariais dizem que a redução de 60% das emissões pode ser alcançada na Grã-Bretanha sem prejudicar a competitividade se as empresas usarem energia de forma mais inteligente e novas tecnologias.
Eles acreditam que as medidas para limitar as emissões de CO2 a um nível seguro poderão reduzir o crescimento em não mais de 2% por volta de 2050. Segundo eles, uma política ousada poderia, na verdade, aumentar os lucros ao fazer com que a Grã-Bretanha se torne um líder mundial em tecnologia de baixa emissão de gás carbônico. Na carta, os empresários dizem que algumas tecnologias para alcançar esse objetivo já existem, mas precisam ser melhoradas, e outras ainda precisam ser desenvolvidas. O grupo destaca um estudo mostrando que mesmo que a Grã-Bretanha comece agora a desenvolver seriamente o mercado para carros de emissão zero, o total de emissões de carros não começaria a cair até 2040.
Os líderes empresariais querem que o governo britânico estabeleça valores de redução de emissões de carbono a longo prazo, dê incentivos e apóie consistentemente o desenvolvimento de novas tecnologias. Segundo eles, o fato de a Grã-Bretanha presidir este ano o G-8 (grupo dos 7 países mais ricos do mundo e a Rússia) e a União Européia (UE) oferece uma oportunidade histórica para avanço significativo na questão do clima. Os empresários argumentam que o governo britânico deve eliminar políticas domésticas contraditórias sobre a questão. Conforme os líderes, os ministros devem garantir que novas iniciativas em qualquer área não aumentem o problema. (Uol Últimas Notícias, 27/05)