ONGs reivindicam inspeção em indústria nuclear
2005-05-27
Organizações não-governamentais e a associação de moradores de Caetité - Estado da Bahia - reivindicam a criação de um grupo técnico, formado por representantes de órgãos públicos e da sociedade civil, para promover uma inspeção na unidade das Indústrias Nucleares do Brasil (INB), que fica no município. Há denúncias de que a unidade, que extrai e beneficia urânio, estaria poluindo o meio ambiente e causando danos à saúde da população e dos trabalhadores.
A inspeção é apenas uma das reivindicações definidas em uma audiência pública realizada na Câmara Municipal de Caetité, em abril último. As entidades querem, entre outras coisas, que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apenas delibere sobre o pedido de ampliação da planta e renovação de licença ambiental da IRB depois de conhecer o relatório a ser produzido após a inspeção do grupo técnico. Outro ponto da pauta é a implantação de uma unidade de saúde pública especializada no atendimento de doenças do trabalho relacionadas ao meio ambiente. As ONGs e a associação demonstram preocupação com o impacto da liberação de radônio na atmosfera e da poeira gerada pelas explosões uraníferas. Segundo afirmam, a instalação da unidade, em 1999, teria trazido prejuízos para a economia do município. Produtos de Caetité estariam sendo recusados por comerciantes. Além disso, os turistas estariam evitando roteiros que passem pelo município.
Uma vistoria realizada pela Delegacia Regional do Trabalho da Bahia, a pedido da Comissão Nacional de Trabalhadores Nucleares e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), constatou diversas irregularidades. A empresa foi autuada porque os empregados estão sendo submetidos a raio-X convencional do tórax, inclusive aqueles estão expostos à poeira de urânio, o que não atende às normas preconizadas pela OIT, e também por submeter os trabalhadores a jornada de trabalho excessiva. (Litoral Norte RS, 25/05)