ONG quer investigação sobre vazamento em rio no Pantanal
2005-05-27
A Coalizão Rios Vivos, ONG (organização não-governamental) que reúne 300 entidades ambientais na América Latina, Europa e Estados Unidos, informou nesta terça-feira que pedirá ao Ministério Público Estadual investigação sobre o vazamento de óleo diesel que atingiu no domingo passado o rio Paraguai, no Pantanal de Mato Grosso do Sul.
Segundo a PMA (Polícia Militar Ambiental), uma mancha de 4 km de comprimento por no mínimo 50 de largura se formou no rio, que é o principal do Pantanal, declarado Patrimônio Natural da Humanidade em 2000 pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
O óleo vazou do navio carregador e empurrador Ipê, da empresa de navegação Cinco & Bacia. A embarcação naufragou no dia 4 deste mês, a 30 m do porto em Corumbá (418 km de Campo Grande). O navio tinha em seus tanques mais de 6.000 litros de diesel.
A empresa Cinco & Bacia, por meio de nota, informou que retirou essa quantidade combustível no dia seguinte ao naufrágio.
O vazamento teria sido de apenas 30 litros e causado no domingo durante a tentativa de resgate da embarcação no domingo, que ainda continua no rio, de acordo com a empresa.
— Que sejam apenas 30 litros. Isso é grave. Tanto que teve uma mancha de 4 km. O relato da Polícia Militar Ambiental dá uma dimensão diferente dessa dada pela empresa- afirmou Alcides Faria, secretário-executivo da Coalizão Rios Vivos. — Vamos pedir acompanhamento do Ministério Público tanto de Corumbá como da coordenação em Campo Grande - acrescentou Alcides.
O Ministério Público informou, por meio de sua assessoria, que espera laudo de vistoria do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da PMA para abri ou não investigação.
O gerente executivo do Ibama em Mato Grosso do Sul, Nereu Fontes, afirmou ontem que a PMA exagerou ao dimensionar a mancha de 4 km.
Segundo ele, apenas resíduos de óleo saídos do tanque atingiram o rio. Rosana Aparecida Pereira, analista ambiental do Ibama em Corumbá, diz que será necessário monitoramento de ao menos sete dias para apurar se houve danos ambientais.
A reportagem não conseguiu falar nesta terça com o comandante da PMA em Corumbá, o capitão Joilson Queiroz Santana. Ontem, ele disse que constatou a mancha de óleo no domingo e encaminhou laudo para o Ibama apurar dano ambiental.
Em nova nota divulgada nesta terça-feira (24/05), a Cinco & Bacia afirmou que não há mais vestígio de óleo diesel no rio devido às medidas tomadas de imediato pela empresa com barreiras de contenção e kits de emergenciais. (Agência Folha, 24/05/2005)