Reflorestadora é acusada de trabalho escravo no Paraná
2005-05-25
A Procuradoria do Trabalho no Paraná interditou o corte de pinus em um reflorestamento da Itamarati Indústria de Compensados Ltda., sob acusação de prática de trabalho análogo ao de escravo em Tunas do Paraná, 70 km ao norte de Curitiba. A interdição foi motivada pelas condições degradantes de trabalho a que eram submetidos 85 empregados da empresa.
Na fazenda de 250 alqueires, todos os empregados dormiam em barracos de pau a pique ou lona preta, de chão batido, sem água potável e sem local adequado para as refeições e parte não era registrada, segundo o procurador do Trabalho Luercy Lino Lopes.
Sob escolta da Polícia Florestal, Lopes e dois fiscais da DRT (Delegacia Regional do Trabalho) chegaram à fazenda na quinta-feira passada, após denúncias. A área foi interditada no mesmo dia. - A gente pensa que trabalho escravo ocorre só na Amazônia e se depara com situações semelhantes na porta de casa - disse o procurador. Segundo ele, a Procuradoria do Trabalho e a DRT investigam outras fazendas na região. A empresa tem até sexta-feira para regularizar a situação trabalhista dos funcionários, mas o corte na área só será retomado após a construção de dependências adequadas para abrigo e alimentação dos empregados.
Com sede na cidade paranaense de Palmas --360 km ao sul de Curitiba --, a Itamarati é exportadora de madeira e emprega cerca de 600 pessoas. Na fazenda de Tunas, o trabalho era deixado na mão de um empreiteiro (função conhecida no meio como gato).
A Itamarati comprou a área de pinus há seis meses e a maioria dos empregados teria trabalhado 40 dias na situação irregular. Os empregados foram instalados em um hotel de Tunas, onde aguardam a legalização. Depois de registrados, eles serão encaminhados para receber seguro-desemprego, disse Serathuk. (FSP, 24/05)