Estudos relacionam uso de agrotóxicos e suicídios no Mato Grosso do Sul
2005-05-25
Um estudo da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) revela que, além de prejudicar a saúde física, os agrotóxicos representam ameaças, também, à saúde mental. De acordo com o estudo, do total de 8.697 casos de intoxicação atribuídos às tentativas de suicídio, registrados em 2001, pelo Serviço Integrado de Informação Tóxico-Farmacológica do Ministério da Saúde, 11,6% foram provenientes do uso de agrotóxicos.
Com o título Uso de agrotóxicos e suicídios no Estado do Mato Grosso do Sul, Brasil, o estudo aponta as conclusões observadas após pesquisas sobre as prevalências das tentativas de suicídio provocadas pela exposição a agrotóxicos de uso agrícola no Estado do Mato Grosso do Sul, ocorridas entre janeiro de 1992 e dezembro de 2002. Não se pode afirmar com absoluta segurança que a contaminação por pesticidas influencie diretamente a taxa de suicídios, de modo a elevar esse tipo de ocorrência. Mas o professor Dario Pires, um dos pesquisadores, diz que todos os dados auferidos apontam nesse sentido e recomenda maior atenção a estes fatos pelos órgãos de vigilância sanitária e de controle epidemiológico do Mato Grosso do Sul.
No trabalho, os pesquisadores se utilizaram de vários estudos para corroborar tal tese. Um deles, feito após um desastre ecológico com o organofosforado parationa metílica, no estado norte-americano do Mississipi, observou que, independentemente dos níveis do agrotóxico encontrados na água consumida, mais da metade das pessoas expostas apresentava sintomas de depressão. Um outro estudo conduzido na Espanha detectou que a taxa de suicídios em áreas agrícolas é, significativamente, maior que em outras regiões territoriais com características sócio-econômicas e demográficas similares.
O Brasil é o terceiro mercado e o oitavo maior consumidor de agrotóxicos por hectare no mundo, sendo os herbicidas e inseticidas responsáveis por 60% dos produtos comercializados no país. O uso de agrotóxicos e fertilizantes já é a segunda causa de contaminação da água no País. Só perde para o despejo de esgoto doméstico, o grande problema ambiental brasileiro, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Do total de 5.281 municípios que têm atividade agrícola, 1.134 (21,5%) informaram ter o solo contaminado por agrotóxicos e fertilizantes. Das cidades que registraram poluição freqüente da água, 43% disseram que o problema se deve ao uso de agrotóxicos. Proibido por lei federal em 2002, o descarte irregular de embalagens vazias de agrotóxicos é apontado como principal causa de contaminação: 978 descartavam recipientes em vazadouro a céu aberto. (Eco Agência, 24/05)