Pesquisa deverá incentivar substituição das queimadas
2005-05-25
A prevenção e a correção do desequilíbrio ambiental na atividade agrícola da
Amazônia é o objetivo de um projeto de pesquisa da Embrapa - Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária, que tem o apoio financeiro do Banco da
Amazônia, que deverá validar e difundir a tecnologia de corte e trituração
da capoeira em substituição à derrubada e queima no preparo de área para
plantio.
A iniciativa faz parte de um conjunto de 24 projetos que compõem o Programa
de Pesquisa na Amazônia da Embrapa, para a geração de conhecimento aplicado
nas áreas agrícola, florestal e pecuária, que terão recursos na ordem de R$
1,4 milhão do Banco da Amazônia este ano. Os projetos contemplam, mais
especificamente, temas sobre grãos, fruteiras, florestas naturais, pecuária,
sistemas agroflorestais e reflorestamento, com ações integradas das unidades
da Embrapa na região, que visam a transferência de tecnologia aos
produtores.
Para a Embrapa, a substituição das queimadas pode melhorar a produção e
garantir sustentabilidade da agricultura, pelo aumento da reciclagem da
biomassa, com melhor disponibilidade de nutrientes e condições de solo
favoráveis ao crescimento dos plantios.
Já há algum tempo vêm sendo desenvolvidas na Amazônia Oriental intervenções
agrícolas que incluem, na fase de preparado de área, a substituição da
prática da derruba e queima pelo corte e trituração, seguido de plantio
direto (sobre a biomassa da vegetação triturada), que não compromete nem
mesmo as raízes da capoeira, que assim, se regenera mais depressa.
Esse sistema conserva a umidade e a temperatura mais baixa do solo e permite
obter safras em períodos diferentes do tradicional, o que garante melhor
rendimento, pela oferta de produtos fora do pico da safra, além de
contribuir para a redução da incidência de ervas daninhas.
Para pesquisadores da Embrapa, o desempenho eficiente das funções ecológicas
dos solos tropicais está relacionado à manutenção e incremento do teor de
matéria orgânica no solo, preservado pelo acumulo de palha, ao contrário dos
sistemas tradicionais, baseados no intensivo revolvimento do solo, que
modifica sua estrutura e, por ação do clima quente e úmido, acelera a
decomposição de matéria orgânica, ocasionando queda de produtividade das
culturas e a diminuição da sustentabilidade do sistema.
A agricultura de corte e queima é uma tradição milenar entre indígenas e
caboclos e considerada uma extraordinária adaptação às condições tropicais,
no entanto, a Embrapa considera que os agricultores da Amazônia usam o fogo
por não conhecerem alternativas viáveis, que causem menos problemas ao
ecossistema da região, sobretudo a degradação do solo. (O Liberal/PA, 23/05/2005)