Corte de 372 árvores leva moradores de Porto Alegre à justiça
2005-05-24
Por Guilherme Kolling
Moradores do Rio Branco, bairro nobre de Porto Alegre, estão indignados com o corte de 372 árvores de um pequeno bosque entre as ruas Prof. Álvaro Alvim e Dona Leonor. O terreno de 7 mil metros quadrados, em frente ao Colégio Americano, foi adquirido pela Rossi Incorporação e Construção através de permuta com a Pia Instituição Chaves Barcellos.
A empresa pretende construir duas torres de 16 pavimentos no local. Uma ação civil pública movida pela Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Rio Branco pede o embargo da obra até que sejam esclarecidos os detalhes do projeto.
Os moradores dos prédios próximos assistiram à devastação sem poder reagir. Eles se queixam que foram alertados sobre o corte na véspera, através de uma folha timbrada da Rossi, colocada nas caixas de correio. — Recebemos um dia antes de começarem a cortar as árvores, disse a arquiteta Maria Lúcia Sampaio, que mora em frente.
O texto, sem assinatura e sem data, atenderia a determinação da Secretaria do Meio Ambiente que, após a aprovação e o licenciamento, exigia divulgação na comunidade do entorno, devido ao impacto que estas remoções, pela sua expressividade, poderão causar na vizinhança. De fato, a intervenção causou revolta.
O material de divulgação da Rossi minimiza. Ressalta que o empreendimento vai valorizar o bairro, que terá o transplante de oito árvores para outros locais do terreno, e que envolverá a remoção de algumas árvores. Algumas são 372 árvores, já derrubadas, fora as manchas de taquareira e bananeira, que também serão removidas, conforme autorização da Smam.
O projeto foi analisado pela Secretaria em outubro de 2003, mas a aprovação só saiu agora no início de maio. Inicialmente, previa compensação ambiental com 3.234 mudas nativas, depois reduzidas para pouco mais de mil mudas. No final a compensação vai se restringir à reforma de uma praça, no bairro Santana.
A empresa diz que cumpriu rigorosamente a lei. Reportagem completa sobre o assunto, que envolve, ainda, ações na Justiça, pela questão ambiental e de posse do terreno, além do decreto das áreas especiais de interesse cultural, será publicada na edição de junho do JÁ Porto Alegre (www.jornalja.com.br), especial sobre Meio Ambiente e aqui no Ambiente JÁ.