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2005-05-23
Por Cláudia Rodrigues, especial para o Ambiente JÁ

O câncer gástrico está sendo apontado, a partir de estudos geológicos, geográficos e químicos, como a doença que pode atingir em massa a população do norte da ilha de Santa Catarina (município de Florianópolis), num prazo estimado de dois anos e meio após o início das fertilizações necessárias para o campo de golfe de 570 mil metros quadrados a ser inaugurado em 2006 pelo famoso Resort Costão do Santinho, que bancará o empreendimento orçado em cerca de R$ 25 milhões. O motivo seria a exposição da população à água contaminada proveniente do Aqüífero dos Ingleses, localizado sob a área planejada para o campo e sem qualquer camada rochosa ou argilosa de proteção.

Nos Estados Unidos, a água do solo sob quatro campos de golfe foi analisada durante três anos (COHEN et.al.; 1990). O resultado para quantidade de nitratos dos solos de Cape Cod, Massachusetts, compostos 95% por terrenos arenosos, extremamente semelhantes ao do Aqüífero dos Ingleses, segundo o geólogo Luiz Fernando Scheibe, da UFSC, foi considerado muito elevado em comparação à água de solo semelhante sem campos de golfe na superfície. Excesso de nitrato na água pode causar, além do câncer gástrico, visão turva, tontura e a síndrome da doença azul, cianose infantil, doença mortal para crianças com menos de um ano de idade.

Estudos preliminares e independentes de impacto ambiental, anteriores ao início das obras do campo de golfe do Costão do Santinho, foram cruzados por pesquisadores catarinenses, o geólogo Luiz Fernando Scheibe, a geógrafa Eliane Westarb e a engenheira química Cristina Nunes. Eles atestam que a situação emergente de um campo de golfe em cima do Aqüífero dos Ingleses é de alto risco para a saúde da população local. — A função social importante é assegurar o abastecimento de água para as 130 mil pessoas que bebem a água proveniente do Aqüífero dos Ingleses. Embora haja compromisso da empresa de utilização absolutamente controlada e monitoramento constante dos fertilizantes, sempre existe a possibilidade de contaminação, o solo do Aqüífero dos Ingleses é de vulnerabilidade alta à crítica — alerta o geólogo Luiz Fernando Scheibe.

Os documentos com os pareceres dos três estudiosos já foram encaminhados para o Ministério Público Federal de Santa Catarina. Diante das evidências, a procuradora Ana Lucia Hartmann pediu embargo das obras, o que foi surpreendentemente vetado pelo juiz Carlos Alberto da Costa Dias. As obras do campo de golfe no Resort Costão do Santinho continuam em ritmo normal. — Estamos confiantes a respeito do projeto e esperamos as definições, não há razão para parar ou acreditar que perderemos a causa, garante Silvio Elias, assessor de Fernando Marcondes de Mattos, diretor-presidente do resort que não pôde prestar declarações sobre o assunto.

O agrônomo responsável pelo campo de golfe do Costão, Ricardo Aguerro, garante que a quantidade de fertilizantes será minuciosamente controlada e que não haverá perigo de contaminação porque será em quantidades mínimas. Mas, segundo a engenheira química Cristina Nunes, o monitoramento de áreas impactadas é um procedimento técnico que é efetuado após uma análise de risco, o que não foi feito pela FATMA (Fundação do Meio Ambiente-SC), segundo ela. — Para liberar uma licença ambiental é necessário fazer uma simulação matemática de possível contaminação cruzando dados hidrogeológicos, localização do empreendimento e das fontes de captação, características como solubilidade, coeficiente de biodegradação e quantidades de agroquímicos que são então inseridas num software adequado que calcula se as fontes de abastecimento (poços da CASAN) serão atingidas pelas plumas de contaminação dos diferentes compostos químicos e, em caso afirmativo, em quanto tempo após o início do manejo do gramado — explica a engenheira.

Cristina Nunes afirma que em caso de haver risco de contaminação não existe a possibilidade para emissão de licença ambiental pois o abastecimento de 130.000 pessoas estaria ameaçado. Em caso negativo, não sendo possível a contaminação, o monitoramento atuaria como precaução. — Portanto, monitoramento sem análise de risco é inócuo, diz Cristina.

Os empresários do Resort Costão do Santinho conseguiram com a FATMA a licença ambiental para a realização das obras, mas nas análises do órgão não consta sequer a composição química dos fertilizantes que seriam utilizados, e nem há menção da existência do aqüífero sob a área onde se projeta o campo de golfe. A mesma área é a única sede disponível para futuros poços da CASAN, já que as demais por onde passa o aqüífero estão povoadas e passíveis de contaminação.

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