Foro alternativo de Davos elege as companhias mais irresponsáveis do planeta
2005-05-23
Empresas transnacionais atuantes em vários países da Américales Latina, como a Nestlé (alimentos), Dow Chemical (química), Shell (petróleo), KPMG
(consultoria financiera) e Wal-Mart (distribuição), foram consideradas as mais ireesponsáveis do planeta, social e ecologicamente. Os participantes do Contraforo de Davos ou Foro Alternativo de Dados, na Suíça, realizado no mês passado, elegeram essas cinco companhias entre as 24 multinacionais propostas por ONGs de todo o mundo.
O evento foi realizado paralelamente ao Foro Econômico de Davos, que reúne as grandes potências econômicas do mudno todos os anos. O prêmio é uma pequena escultura de madeira escura que representa o globo de um olho rodeado de arcos de metal dourado. A plataforma Olho Público, em Davos, é encarregada de realizar a seleção dos ganhadores, que devem representar o lado mau da globalização econômica.
A Dow Chemical, dos Estados Unidos, foi eleita na categoria direitos humanos por não assumir suas responsabilidades na catástrofe na cidade de Bophal, na Índia, na qual um problema em suas instalações causou a morte de mais de 20 mil pessoas em 1984.
A petroleira Royal Dutch/ Shell ganhou por seus prejuízos aos meio ambiente na Nigéria, onde queima gás ao ar livre e não limpa as zonas afetadas por seus derrames desde 1956.
Por seu comportamento impositivo, a empresa financiera KPMG recebeu o chamado Prêmio Castigo, por utilizar técnicas agressivas de evasão fiscal.
Pelas condições precárias de trabalho, obrigatoriedade de horas extras e pagamento de salários muito baixos na África e na Ásia, a norte-americana Wal-Mart foi eleita na categoria irresponsabilidade trabalhista.
Mas o prêmio mais importante foi para a suíça Nestlé, que atua de maneira irresponsável em vários países da América Latina. O prêmio de empresa mais irresponsável – concedido ao público através de uma votação via Internet, foi merecido pela Nestlé por seus conflitos trabalhistas na Colômbia e suas agressivas campanhas de marketing para promover
Sucedâneos do leite materno, que prejudicam a lactância materna, especialmente en países em desenvolvimento, expondo milhões de bebês, impunemente, a riscos de desmame precoce de suas mães, com conseqüências epidemiológicas, sociais e econômicas.
Na Bolívia, a Nestlé é acusada de contribuir, indiretamente, para a morte de pelo menos 28 mil lactentes. No Brasil, a Nestlé é acusada de extrair água mineral sem a devida autorização. A líder mundial na venda de água mineral engarrafada, acumulou uma série de irregularidades desde o lançamento de suas atividades no Parque das Águas, em São Lourenço, no Estado de Minas Gerais. As denúncias partem do Movimento Amigos dos Circuitos de Águas Minerais (MACAM). Além de extrair água sem autorização, a empresa está provocando a desmineralização da água, o que é proibido pela legislação brasileira, e de construir uma planta sem estudo de impacto ambiental e a licença necessária. (Ibérica, 18/5)