Orgãos públicos e empresas assinam convênio para uso do biodiesel
2005-05-20
A diversidade da Agrishow Ribeirão Preto - Feira Internacional de Tecnologia Agrícola cedeu espaço de honra para o assunto do momento. O biodiesel - ou a bioenergia, como faz questão de exaltar o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues - roubou a cena da maior feira de agronegócios da América Latina, que se encerra amanhã. A mostra comprovou que tanto as indústrias de máquinas quanto a organização do evento estão atentas a essa nova opção de mercado em potencial. Alternativa que ganhou maior fôlego a partir do lançamento do Projeto de Biodiesel do Governo Federal. – Em 2004, a Agrishow foi palco do lançamento nacional do projeto. Agora incentivou a presença de empresas que acreditam na proposta - ressaltou o presidente do Sistema Agrishow, Sérgio Magalhães.
E as empresas se fizeram presentes na terra da cana. Diante deste cenário, investimentos em pesquisas, projetos e parcerias começam a pipocar. Um exemplo foi assinatura de convênio entre Ministério da Agricultura, Secretaria da Agricultura de São Paulo, Universidade de São Paulo (USP), Valtra do Brasil e entidades do setor. O foco é ampliar os estudos sobre o uso de biodiesel como combustível principal de tratores agrícolas. A Valtra, que deu início ao desenvolvimento do motor a biodiesel há três anos, quer colher dados concretos para validação e homologação junto à Agência Nacional de Petróleo (ANP).
A Cummins, uma das maiores fabricantes de motores a diesel do mundo, também despertou para o combustível a base de óleos vegetais. Com sede em Guarulhos, usa 5% de mistura de biodiesel nos seus motores e mantém nos Estados Unidos um dos maiores centros internacionais de pesquisas do combustível.
– No Exterior, estamos testando a utilização da colza e do óleo de girassol. No Brasil, temos projetos da mamona no Ceará e do óleo derivado da batata frita no Rio de Janeiro - informou o diretor de vendas e marketing da Cummins, Luiz Pasquotto.
Um combustível limpo e 100% renovável. Essa é a principal vantagem para Miguel Dabdob, presidente da Câmara de Biodiesel do Estado de São Paulo. A chamada energia limpa está sendo considerada hoje um marco para a economia agrícola do país. – O petróleo é um bem escasso e controlado por poucos, enquanto que o biodisel é eficaz e acessível. Os países desenvolvidos consideram a tecnologia como uma ameaça, considerou o ministro.
Rodrigues viu na própria Agrishow uma de suas projeções concretizar-se. O primeiro passo para que a tecnologia seja usada em larga escala na aviação agrícola já foi dado pela Neiva/Embraer, que está apresentando o Ipanemão EMB 202 - o primeiro avião agrícola movido a álcool. A empresa comemorou esta semana, por meio da sua representante gaúcha, a Aero Agrícola Santos Dumont, a entrega no município de São Borja da primeira aeronave agrícola a álcool no Rio Grande do Sul. Um sinal de que o setor está ingressando na rota do biodiesel. (ZH, 20/05. A repórter da ZH viajou a convite de um pool de empresas participantes da Agrishow)