Nobel da Paz quer código de ética para madeireiras
2005-05-20
Vencedora do Prêmio Nobel da Paz 2004, a vice-ministra de Meio Ambiente do Quênia, Wangari Maathai, exigiu um código de ética para as multinacionais que destroem as florestas na África. Maathai discursou nesta terça-feira (17/5) no 5.º Fórum das Florestas que acontece na sede da ONU, em Nova Yorque, onde frisou a importância da proteção do ecossistema dos países pobres, dada a sua vinculação estreita com o desenvolvimento e a paz.
Após ressaltar que a ganância e o oportunismo movimentam os governos e as empresas, defendeu a criação de um código de conduta para controlar as atividades das multinacionais, especialmente do setor madeireiro, nos países em desenvolvimento.
A Prêmio Nobel reconheceu que nem sempre há pessoas ruins no comando das companhias, como também há muitas dispostas a planejar e a examinar as conseqüências do desflorestamento a longo prazo. Ela também criticou a população local que vive nas montanhas, que, usando a pobreza e a escassez de terra como desculpa, utilizam as áreas florestais naturais como zonas de cultivo de produtos comerciais.
Maathai, que recebeu o Nobel por sua dedicação ao meio ambiente através de projetos de plantação de árvores na África, fez uma menção especial ao grave problema do desmatamento no Haiti. A ativista destacou a necessidade de uma exploração mais sustentável e eqüitativa das florestas, o que também contribuiria para o fim de muitos conflitos em regiões como a África, que geralmente se originam pelo controle dos recursos naturais.
Neste contexto, apoiou a iniciativa levada a cabo por 11 países da região da África Central no chamado Plano de Convergência para uma gestão conjunta e sustentável dos recursos florestais. Maathai defendeu a criação de um Fundo Fiduciário que seja financiado por juros da dívida de países em desenvolvimento e que seja supervisionado pelos governos africanos, pelas nações industrializadas e por membros do setor privado. Segundo a vencedora do Prêmio Nobel, a última palavra é dos governos e das elites sociais, que devem traduzir os acordos e documentos em ações concretas e com vistas a um futuro mais distante. (Estadão, 19/05)