No momento em que produtores rurais e ambientalistas divergem sobre a proposta de se criar no estado parques públicos para a preservação da araucária, uma pessoa física dá um bom exemplo para a conservação dos pinheirais no Paraná. O engenheiro civil Marcelo Almeida, que atualmente é diretor-geral do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran), adotou uma área de 76 hectares com floresta de araucárias, situada no município de Fernandes Pinheiro, a 150 quilômetros de Curitiba (próximo a Irati), por meio do Programa de Adoção de Áreas de Floresta com Araucária, patrocinado pela Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS).

Almeida vai investir, durante 5 anos, R$ 150 mil para a preservação da área pertencente ao agricultor Sergio Czelusniak. O dinheiro será usado para a contratação de um vigia e para se fazer estudos de viabilidade econômica e ambiental da exploração sustentável da mata. A família também vai receber um pagamento simbólico pela decisão de conservar a mata, que tem cerca de 80 araucárias e outras espécies como canela, imbuia, erva-mate e xaxim.

– A próxima geração não vai ter tempo para fazer alguma coisa pela mata de araucárias, justifica Almeida, que é a primeira pessoa física a adotar uma área. Hoje, o Paraná tem oficialmente 0,8% da área original de pinheirais bem preservados, segundo dados de 2001, mas ambientalistas acreditam que atualmente já seja apenas 0,4%. – Quem puder fazer algo tem que fazer agora. A araucária é o símbolo do Paraná, complementa o diretor do Detran.

O agricultor Czelusniak afirma que decidiu procurar a SPVS para propor a adoção da mata porque tinha interesse em preservá-la, mas não dispunha de condições para isso. Ele conta que sofria muita pressão de pessoas interessadas em comprar a área para usá-la na agricultura ou então vender a madeira. – A gente queria deixar um bom exemplo para os filhos, resume a esposa do agricultor, Lindamir Kochinski Czelusniak.

O diretor-executivo da SPVS, Clóvis Borges, espera que a iniciativa de Almeida sirva de incentivo para que outras pessoas físicas e empresas procurem a entidade. Até hoje, a campanha conseguiu a adoção de duas áreas – a de Fernandes Pinheiro e uma na Lapa, com 131 hectares, adotada pelo Grupo Positivo. Borges ainda sugere às autoridades paranaenses a criação de uma lei para incentivar a preservação da floresta com araucárias por meio de compensações tributárias.

Serviço: Empresas e pessoas interessadas em adotar uma mata com araucárias podem entrar em contato com a SPVS pelo telefone (41) 3242-0280 ou no site www.spvs.org.br. (Gazeta do Povo-PR 18/05)