RS participa da reunião nacional para discussão da pesquisa de biodiesel
2005-05-19
O pesquisador Nídio Barni, da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro/RS), participa até o dia 19, da Reunião Técnica em Biodiesel, que está sendo realizada em Caldas Novas (GO). Estruturada pelo Conselho Nacional dos Sistemas Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa) e organizada pela Agência Goiana de Desenvolvimento Rural para discutir a definição de linhas de pesquisa, políticas públicas e troca de experiências, a reunião vai congregar representantes de 16 instituições de pesquisa estaduais do país.
O Rio Grande do Sul começou estudos com os grãos hoje apontados como fontes preferenciais para matéria-prima de biodiesel no ano de 1980. Num primeiro momento, o foco das ações era a produção para consumo humano. O objetivo era atenuar uma crise existente na época: a ociosidade de 30% a 40% do parque industrial de esmagamento de oleaginosas durante parte do ano. O projeto inicial utilizava a colza, cujos resultados das pesquisas demonstraram um potencial promissor. Em 1981, o governo estadual resolveu incentivar os agricultores a plantarem o grão. Mas um incidente ocorrido no norte da Espanha, onde houve a morte de mais de uma centena de pessoas com a suspeita de envenenamento por toxinas contidas nos grãos, terminou por perturbar a continuidade do projeto. Passado alguns meses, o caso foi esclarecido e dissipou-se a dúvida sobre a origem da contaminação, só que o mercado gaúcho permaneceu instável.
A polêmica teve uma solução negociada pelos técnicos gaúchos envolvidos. A proposta foi o redirecionamento da produção para matéria-prima de biodiesel. A Petrobras se dispôs a comprar colza gaúcha e transformar em combustível menos poluente e renovável para testá-lo em coletivos urbanos. A frota de Curitiba seria a primeira etapa da implantação, quando a indústria japonesa fez uma proposta de compra da produção considerada vantajosa, pois estabelecia um ágio de 25,50 dólares a mais do que se pagava pela soja na época. Os agricultores optaram por exportar com um retorno financeiro acima das expectativas, mas nos anos posteriores a produção decaiu e as pesquisas com a colza e também o girassol e a mamona, foram descontinuadas.
A retomada dos projetos na área começou em 2003, com o lançamento do Programa Gaúcho de Biodiesel (Probiodiesel-RS). Atualmente, a iniciativa é coordenada pela Fundação de Ciência e Tecnologia (Cientec), que atua em cooperação com diversas entidades, entre elas, a Fepagro e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul. No ano passado, o programa recebeu R$ 400 mil da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para estudar processos tecnológicos de produção de mamona na Região Sul do estado. Segundo Nídio Barni, a expectativa é que se aplique os recursos não apenas na pesquisa industrial, mas na parte agronômica para que se fomente uma produção de matéria-prima de qualidade. (Diário Popular, 18/05)