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2005-05-18
Cerca de quatrocentos índios tupiniquins e guaranis invadiram, na manhã de hoje, parte dos eucaliptais da multinacional Aracruz Celulose. Mulheres, crianças e guerreiros armados de bordunas, arcos e flechas reivindicam a demarcação imediata dos mais de 11 mil hectares de terras que consideram parte de suas reservas indígenas e que teriam sido invadidas pela empresa.

Os índios fazem parte das sete aldeias das tribos guarani e tupiniquim existentes no município de Aracruz, no norte do Espírito Santo e limítrofe com a região metropolitana de Vitória, onde ocorreu a invasão, e prometem que nos próximos dias todas as duas tribos estarão instaladas no local.

Os guaranis e tupiniquins reivindicam uma área de terra de 18 mil hectares no município. Há cinco anos, eles promoveram uma invasão no local pedindo a demarcação da reserva.

Na época, a Funai atuou como intermediária, tendo os duas tribos conseguido que fossem demarcados sete mil hectares e a promessa de uma nova demarcação no futuro. Como esta não aconteceu, eles decidiram, na manhã desta terça-feira, por uma nova ocupação do local, que está sendo protegido pelos guerreiros da tribo que estão determinados a impedir a entrada de qualquer um que não seja membro das duas tribos ou funcionário da Funai. (Terra Notícias/JB, 17/05)

Segundo informou a Gazeta-ES, a ocupação dos índios começou pela aldeia Irajá e avança na direção do direção do distrito de Santa Cruz. O cacique Jaguaretê, da aldeia tupiniquim Caeira Velha, disse que os índios estão dispostos a derramar sangue caso haja reação violenta por parte da polícia. O líder afirmou ainda que os índios não estão dispostos a negociar as terras com a empresa Aracruz Celulose.

Eles acreditam que são os verdadeiros donos das terras, mesmo os 11 mil hectares estando sub júdice. A morosidade da Justiça em demarcar a área, segundo o cacique Jaguaretê, fez com que o Conselho Indígena decidisse pela ocupação das terras. — Já algum tempo estamos recorrendo pelos meios legais. Mas a Justiça é lenta. Nós índios temos a força dos nossos antepassados e decidimos não esperar mais. Nós não falamos em negociação. Queremos as terras, disse.

Na tentativa de garantir a proteção dos membros das nações, que integram as sete aldeias indígenas localizadas no município de Aracruz, guerreiros estão armados com arcos e flechas posicionados em pontos estratégicos das terras ocupadas.

— Estamos preparados, trouxemos nossos guerreiros e pessoal de apoio. Vamos demarcar e ocupar essas terras. Pretendemos reconstruir as aldeias nesses lugares onde atualmente existem plantações de eucalipto, disse o cacique. A empresa já está ciente da ocupação e deve se pronunciar nos próximos dias. Assassinato de índia
No dia 29 de abril, cerca de 70 índios de seis aldeias do município quebraram as vidraças do Fórum de Aracruz e invadiram o local para protestar contra a sentença da Justiça que absolveu os acusados de assassinarem a índia Guarani, Lucimara Marinho, em 2003. No início do movimento houve um atrito entre índios e polícia. A briga deixou doze pessoas feridas, entre elas, um policial que foi atingido na mão e um dos assessores dos índios, que teve um olho ferido por estilhaços de vidro. Ele foi socorrido e levado para um hospital no Rio de Janeiro.

A índia foi assassinada com 20 facadas dentro da própria residência. Dois acusados foram presos e confessaram que haviam assassinado a índia, durante um depoimento dado à Polícia Federal. No entanto, eles foram absolvidos, no final do mês de abril, após decisão tomada pelo júri popular.

Protesto
No final do mês de abril, os índios tupiniquins e guaranis do norte capixaba se apossaram de quatro carros da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), em protesto contra a dificuldade de acesso a atendimentos médicos. Os veículos ficaram retidos na aldeia Caieiras Velhas, no município de Aracruz, e foram devolvidos após negociação com representantes da Funasa e da Funai (Fundação Nacional do Índio). (Gazeta-ES online, 17/05)

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