Balões põem florestas cariocas em perigo
2005-05-18
Guardas florestais, bombeiros e ambientalistas estão em alerta para a temporada de alto risco para os incêndios na mata. Desde sábado (14/05), de acordo com o Grupamento Florestal do Corpo de Bombeiros, 18 mil metros quadrados de mata foram destruídos. Apesar dos alertas de risco ao meio ambiente, clubes clandestinos de baloeiros, que atuam principalmente na Baixada Fluminense e na Zona Oeste agem sem muito alarde em festivais criados para soltar seus artefatos. Só no incêndio de domingo, na Floresta da Tijuca, 12 mil metros quadrados foram consumidos. Um balão possivelmente foi o causador do fogo.
- A melhor forma de evitar que as pessoas soltem balões é por meio de campanhas educativas. Há muitos adolescentes envolvidos nesses clubes - afirma o subcomandante Mário Marco Fernandes, do Batalhão Florestal da Polícia Militar.
Segundo um levantamento do batalhão, nas duas ocorrências notificadas pela polícia este ano foram apreendidos 23 balões e material para fabricação. Em ambos os casos, ninguém foi preso.
- Há muita dificuldade de efetuar prisões em flagrante porque quando chegamos em um festival de balões, os donos nunca aparecem, como ocorreu na última apreensão em São Gonçalo - conta Fernandes.
A mesma dificuldade foi relatada pelo delegado Ícaro Silva, da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente:
- Prender os criminosos na hora em que soltam o balão é difícil. Catalogamos pelo menos 10 grandes clubes de baloeiros, principalmente na Baixada. Para organizar seus festivais, muitos usam homens armados para proteção - relata o delegado, que mesmo sabendo que esses grupos se divulgam pela internet, não acha confiáveis as informações publicadas na rede.
Para aumentar a quantidade de denúncias anônimas que levem aos baloeiros, a polícia instalou desde a semana passada dois números de telefones: 2601-2010 ou 3399-4837. Festas juninas e noites de fim de semana são as ocasiões em que mais ocorrem os festivais clandestinos, de acordo com a Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. A região onde estão os maiores clubes de baloeiros, Niterói, São Gonçalo e Zona Oeste da capital, tem ventos que sopram em direção à Floresta da Tijuca, o que faz da reserva uma área crítica para incêndios provocados por balões.
O Grupamento Florestal está em alerta na Floresta da Tijuca, com oito bombeiros distribuídos no Pico da Tijuca, Pedra Branca e Mirante do Papagaio. Este ano, os bombeiros atenderam a 900 chamados. De acordo com o coronel Marcos Silva, comandante das unidades especializadas do Corpo de Bombeiros, as áreas mais afetadas são os maciços da Pedra Branca e da Tijuca, a Serra dos Órgãos e o Parque Nacional de Itatiaia.
- Estaremos em alerta máximo até o fim das festas de junho e julho - avisa. (JB, 17/5)