Árvores frondosas para Terceira Perimetral de Porto Alegre
2005-05-17
A prefeitura de Porto Alegre tem um plano diferente para quebrar o tom acinzentado da Terceira Perimetral: plantar árvores de grande porte em 400 covas do canteiro central. A inovação começa pela escolha das mudas. Nada de palmeiras, como é tradicional nas avenidas da cidade, nem de pequenas árvores frutíferas, as preferidas da administração passada. A aposta é em copas largas, como o pau-ferro e a canafístula. Se a vegetação vingar, o retrato da via irá se alterar. O próprio secretário municipal do Meio Ambiente, Beto Moesch, estima que 95% das mudas plantadas até agora no traçado e nos arredores da avenida morreram. A opção por árvores frondosas tenta compensar mais rapidamente o impacto da pavimentação. - O que foi plantado até agora não compensa as 3 mil árvores retiradas para fazer a obra. A população precisa compreender que árvore não é como poste de luz, que estraga, e a gente substitui. É preciso cuidar das mudas - diz o secretário.
A iniciativa abre a perspectiva de esverdear o corredor que une as zonas Sul e Norte da cidade, mas suscita preocupações. As principais se referem ao tráfego e à ação das raízes dessas espécies sob o pavimento. Não por acaso, as palmeiras povoam as principais avenidas da cidade. Trata-se de plantas cujas raízes se adaptam facilmente a pouco terreno e cujos galhos não invadem as pistas destinadas ao tráfego.
Para a ex-coordenadora do plano diretor de arborização da Capital, Maria do Carmo Sanchotene, a idéia pode dar certo, mas com ressalvas: - O ideal é que essas espécies sejam plantadas em rótulas e áreas mais largas, ou será necessário podar o tempo todo - alerta a especialista.
Projeto de compensação prevê 16 mil mudas
Há outra explicação para a escolha de espécies como pau-ferro e canafístulas: faltam no mercado palmeiras com o porte ideal para plantio em via pública. De acordo com o atual coordenador do plano diretor de arborização, Luiz Antônio Piccoli, os jerivás (palmeira que se adapta a pequenos espaços) custam entre R$ 50 e R$ 150 e são cobiçados por condomínios e outras prefeituras. Para contornar a baixa oferta e o custo da mudas, a alternativa é recorrer ao viveiro municipal. De lá virão as espécies que devem começar a preencher a Terceira Perimetral. Embora seja econômica e tenha garantia de procedência das plantas, a alternativa não é suficiente. A compensação da obra prevê 16 mil mudas, nas quais não estão incluídas essas 400. (ZH, 17/05)