ONU busca substituto para o Protocolo de Kyoto
2005-05-17
Uma reunião da ONU possibilitou, na segunda-feira (16/5), um pequeno passo no sentido de encontrar um sucessor do Protocolo de Kyoto que consiga obter apoio dos Estados Unidos e dos países em desenvolvimento a partir de 2012. - Precisamos de soluções comuns para o desafio ambiental mais sério da nossa época. A mudança climática já é uma dura realidade - disse o ministro alemão do Meio Ambiente, Juergen Trittin, na abertura de um seminário de dois dias que reúne especialistas de 190 países. - A proteção do clima não deve terminar em 2012. As empresas e investidores querem planejar além de 2012 - disse ele.
O Protocolo de Kyoto entrou em vigor no dia 16 de fevereiro, após anos de debate e enfraquecido pela retirada dos Estados Unidos, que são o maior poluidor mundial. O seminário informal de Bonn é o primeiro passo para começar a considerar o que deve ser feito quando o protocolo expirar, em 2012. Segundo o atual acordo, os países ricos precisam reduzir sua emissão de poluentes de gases do efeito estufa (oriundos de fábricas, automóveis e usinas elétricas) para 5,2 por cento abaixo dos níveis de 1990. - É muito importante fazer os Estados Unidos e a Austrália participarem - disse o ministro argentino do Meio Ambiente, Ginés González García. Ele disse que os países em desenvolvimento precisam descobrir uma forma de participar sem prejudicar seu desempenho econômico.
A comissão científica que assessora a ONU nesta questão prevê um aumento das temperaturas médias do planeta da ordem de 1,4 a 5,8ºC até 2100, o que pode provocar inundações, secas, derretimento das calotas polares e a extinção de milhares de espécies. Os Estados Unidos rejeitaram o tratado em 2001 para proteger sua indústria e por criticarem a exclusão dos países em desenvolvimento do esquema. O presidente George W. Bush quer mais pesquisas sobre o assunto.
- A política climática dos EUA reconhece a necessidade de ações em curto prazo, ao mesmo tempo em que se mantém o crescimento econômico que melhore o padrão de vida do mundo - disse o negociador norte-americano Harlan Watson à conferência. Ele não apresentou qualquer meta para além de 2012. Watson disse que Washington vai gastar US$ 5,2 bilhões neste ano em pesquisas sobre clima e fontes energéticas e em incentivos fiscais para a energia limpa.Grandes países em desenvolvimento, como China e Brasil, que não têm metas até 2012, dizem que os países ricos deveriam cumprir suas próprias promessas de redução de poluentes, caso queiram a adesão dos demais ao esforço contra o aquecimento global. Espanha, Portugal, Irlanda, Grécia, Nova Zelândia e Canadá são países que, a despeito de terem assinado o protocolo, estão acima dos índices de emissão de 1990. A delegação chinesa pediu mais ajuda tecnológica aos países pobres para que eles tenham mais eficiência energética e possam adotar em maior escala recursos como energia solar e eólica. Ambientalistas dizem que levará anos para que o mundo decida o que vai substituir o Protocolo de Kyoto. (UOL, Últimas Notícias, 16/5)