Pioneiros do RS: no início, denúncias
2005-05-16
Há três anos, o Rio Grande do Sul perdia sua maior expressão da ecologia: o engenheiro agrônomo José Antônio Lutzenberger. Vítima de uma parada cardíaca, morreu aos 75 anos, no dia 14 de maio de 2002, na Santa Casa de Misericórdia. Polêmico, teve sua trajetória marcada por várias denúncias e inúmeras reivindicações.
A primeira vitória em Porto Alegre foi contra a poda das árvores públicas. Lutz se envolveu ainda na criação do Parque Estadual de Itapuã e na defesa do Parque do Delta do Jacuí e do Guaíba. Criou ainda o Parque Estadual da Guarita, em Torres, no Litoral Norte, afetado pelo ciclone Catarina no ano passado. Uma de suas campanhas mais obstinadas foi contra o uso de agrotóxicos na agricultura. Por não medir palavras, foi demitido da função de ministro do Meio Ambiente do governo Fernando Collor, cargo que exerceu de 1990 a 1992. Lutava contra a energia atômica e pelo reflorestamento, paisagismo e pela defesa da Amazônia. Com grande capacidade de comunicação, visitou o Brasil e o mundo dando palestras e participando de conferências.
Braço direito de Lutzenberger, o advogado Augusto Carneiro define o amigo como um idealista. - Ele se destacou desde o primeiro dia por ser brilhante e inteligente - recorda Carneiro, referindo-se aos tempos das primeiras reuniões que iriam culminar com a criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, em 1971. O surgimento ocorreu quando Lutzenberger retornou ao Rio Grande do Sul depois de dez anos no exterior trabalhando numa empresa de agrotóxicos.
Em 1989, recebeu o Prêmio Nobel Alternativo, concedido pela The Right Livelihood Foundation, da Suécia, por seu trabalho de produção agrícola sem o uso de herbicidas químicos e pela defesa da Amazônia. O corpo de Lutzenberger foi enterrado em Pantano Grande, a 120 km da Capital, na sede rural e social da Fundação Gaia, entidade criada por ele para atividades de recuperação de áreas degradadas e cursos de educação ambiental. (CP, 15/05)