RPPNs serão tema de seminário de Campos do Jordão
2005-05-16
Grande parte dos remanescentes da Mata Atlântica estão concentrados em áreas particulares, o que torna a criação de RPPNs – áreas protegidas de domínio privado – uma estratégia fundamental de conservação. As reuniões, seminários e debates do dia 20 de maio, em Campos do Jordão, durante a Semana da Mata Atlântica, terão como eixo central a conservação e recuperação de um dos biomas mais devastados do mundo, hoje reduzido a apenas cerca de 7% de sua área original.
Entre as estratégias em pauta, como criação de Unidades de Conservação (UCs), corredores ecológicos e incentivo à educação ambiental, estão as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs). De acordo com essa categoria do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc), os proprietários podem reverter parte ou a área total de sua propriedade em uma RPPN, que torna-se isenta de Imposto Territorial Rural (ITR) e área de acesso restrito, permitido somente ao desenvolvimento de pesquisa cientifica, ecoturismo, recreação e educação ambiental. Cerca de 50% dos remanescentes da Mata Atlântica encontra-se em áreas particulares e a criação de RPPNs representa, nesse sentido, importante iniciativa de proteção à Mata Atlântica.
Outras estratégias de conservação
A criação de corredores ecológicos para conectar diferentes áreas de conservação é outra importante estratégia de recuperação da Mata Atlântica, uma vez que a fragmentação e isolamento dessas áreas causam a perda de espécies e a falta de variabilidade genética (um fragmento pode conter uma espécie que não está em outro e assim por diante, alterando assim suas características). O objetivo desses corredores é facilitar o fluxo de genes entre os remanescentes como forma de garantir a sobrevivência da biodiversidade, que depende da interação das diferentes espécies existentes em um ecossistema.
Hoje, o cenário é de necessidade de criação e expansão desses corredores, ainda não suficientes para tornar as áreas protegidas auto-sustentáveis no que diz respeito à biodiversidade da Mata Atlântica. Uma das dificuldades encontradas é que são necessárias, para isso, grandes áreas contínuas de preservação, feito complicado na Mata Atlântica, onde a maior parte das terras são propriedades particulares muitas vezes avessas à doação de áreas maciças para reflorestamento. Paulo Kageyama, diretor de Biodiversidade da Secretaria de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) falará sobre o tema durante o seminário A importância dos corredores ecológicos para a manutenção da variabilidade genética e do fluxo gênico, também no dia 20, às 10h40, e trará novidades, como a proposta de uma nova relação entre UCs e corredores ecológicos que promete agradar até os agricultores proprietários de terras. Ainda no dia 20, João Paulo Capobianco, Secretário de Biodiversidade e Florestas do MMA, falará sobre UCs como estratégia de conservação para a Floresta com Araucárias, às 8h30, e Miriam Prochnow, coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica, abordará a experiência de gestão de parque municipal por OSCIP, às 14h20. (Eco Agência, 13/05)