Honda apresenta projeto ambiental Green Factory
2005-05-16
Por Carlos Matsubara, de Manaus
A Moto Honda da Amazônia reuniu, entre os dias 9 e 12 de maio, um grupo de cerca de 30 jornalistas da área ambiental para apresentar seu programa Green Factory (Fábrica Verde). O projeto implementado no Pólo Industrial de Manaus (ex-zona franca), atua em diversas frentes, desde a redução da geração de resíduos do processo produtivo, como na melhora da eficiência dos gases energéticos, na adequação da linha de produtos de acordo com a legislação ambiental e no apoio a órgãos oficiais, escolas, universidades e à comunidade no entorno da fábrica.
— Trata-se de um projeto internacional desenvolvido em todas as unidades da empresa pelo mundo, explica Josué Castro Campos, responsável pela gestão ambiental. No Brasil foram investidos mais de US$ 36 milhões nos últimos sete anos. Destaque para o programa de proteção ao Peixe-Boi, desenvolvido juntamente com o Ibama, que colabora para que esses animais, ameaçados de extinção, sejam preservados em seus habitats.
O Green Factory também dá suporte às atividades de proteção a espécies da flora amazônica por intermédio da construção de um orquidário na cidade. A intenção é preservar mais de cem espécies raras ou em extinção, de um total de mil plantas.
O projeto da Honda prevê ainda convênios com escolas e universidades para a realização de eventos educativos com temas ligados à natureza. — Assim formam-se estagiários nas áreas de mecânica, química e meio ambiente, que podem ser futuros colaboradores nossos, diz Campos.
Plástico no Limite
Com relação à reciclagem de materiais, a empresa participa - também em conjunto com o Ibama - do projeto Plástico no Limite, no qual resíduos plásticos são coletados por toda Manaus e cidades vizinhas para serem transformados em matéria-prima. — Assim damos oportunidade de trabalho à comunidade, garante o técnico. Ainda sobre a reciclagem, outras parcerias foram concretizadas, como o Programa de Reciclagem de Pneus Inservíveis. O processo começa com a coleta dos pneus em seis locais de Manaus, sendo enviados a um depósito. O destino dos pneus velhos é uma empresa de São Paulo, onde são moídos e transformados em outros produtos. Em 2004 foram arrecadadas mais de 131 toneladas de pneus, que viraram tiras para estofados, solas para calçados, tubos para canalização, colas e adesivos e até matéria-prima para asfalto.
Estação de Tratamento de Efluentes
Mas a menina dos olhos da Honda e que mereceu demorada visita por parte dos jornalistas é a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE). Considerada pela alta cúpula da unidade como motivo de orgulho, não é a maior (a maior pertence à Fiat, em Betim, Minas Gerais), mas é tida como a mais moderna da América Latina. Possui área de 250 m2 e capacidade para tratar 1500 m3 de efluentes industriais e biológicos por dia. Depois de submetida a várias etapas de tratamento é destinada à irrigação da área verde da indústria e como cortina de água, utilizada para evitar dispersão de partículas para a atmosfera, resultantes de processos como a pintura das motocicletas. Uma outra parte menor da água tratada é despejada no rio. Ate chegar a ele, passa por um pequenino corpo dágua, onde são criados peixes amazônicos, como o acari-bodo, o tambaqui e a matrinxa.
— De tempos em tempos, liberamos a pesca para os funcionários, afirma Campos.
E são peixes com boa qualidade?
— Jamais deixaríamos nossos funcionários comê-los, se não fossem, garante.
A ETE também aproveita outros materiais como o lodo — tanto o industrial quanto o biológico — gerado após o processo de tratamento. O primeiro é utilizado e co-processado para fabricação de tijolos, argamassas, cimento e asfalto. O segundo tem como destino a compostagem para fabricação de adubo orgânico usado na área verde da fábrica e, principalmente, no Projeto Agrícola que a empresa mantém junto a pista de testes, a pouco menos de cem quilômetros da unidade em direção ao norte. Lá são plantados cocos, bananas, limões e mudas de mogno, entre outras culturas.
Bananas e Andirobas
Criado em 1999, o Projeto Agrícola colhe as primeiras safras. Com investimento de R$ 2 milhões, o programa visa o plantio de frutas, mas também de árvores e espécies ameaçadas como mogno, andiroba, copaíba e pau-rosa, num total de mais de dez mil mudas em um terreno de mil hectares no município de Rio Preto da Erva. — Cerca de 50% da área é formada por área virgem, avisa um funcionário-guia.
A produção é destinada a abastecer os refeitórios da empresa e instituições da cidade que cuidam de menores carentes. Ano passado foram colhidos 656 quilos de frutas e a previsão para este ano é superar a produção de 2004. Além deste projeto, a Honda prevê iniciar até o final do ano atividades ligadas à piscicultura, criando espécies nobres da região como o tambaqui e o matrinxa, os mesmos que fazem a festa dos funcionários em temporadas de pesca nas águas oriundas da ETE.