Nos EUA, velhos inimigos dos reatores nucleares repensam posição
2005-05-16
Vários dos mais proeminentes ambientalistas dos Estados Unidos têm vindo a público com mensagens de que a energia nuclear, um longo tabu entre defensores do meio ambiente, deve ser reconsiderada como um remédio contra o aquecimento global.
O número desses ambientalistas ainda é pequeno, mas eles representam uma quebra na virtualmente sólida parede de oposição à energia nuclear entre as corrrentes predominantes do ambientalismo. Nos últimos meses, artigos publicados em revistas como Technology Review, do Massachusetts Institute of Technology (MIT), e Wired, têm exposto abertamente a energia nuclear, trazendo uma espécie de reação, por outro lado, aos radicais opositores deste tipo de tecnologia.
Stewart Brand, fundador do Catálogo da Terra e autor de Heresias Ambientais, em um artigo publicado em maio na Technology Review, explicou a mudança como uma conseqüência direta do crescimento d ansiedade sobre o aquecimento global e suas relações com o uso de combustíveis fósseis.
–Não que algo novo, importante e bom tenha acontecido com a energia nuclear, mas que algo novo, importante e ruim aconteceu com a mudança climática, assinalou ele, em uma entrevista.
Por muito tempo, defensores das causas ambientais têm considerado o assunto uma espécie de tabu. Isto porque os Estados Unidos ainda têm na memória o acidente de Three Mile Island, ocorrido em 1979, e questões não resolvidas com a disposição de resíduos nucleares. Mas, enquanto aumentam as evidências de conexão entre o incremento das emissões de carbono e a mudança climática, Brand e outros passam a ver combustíveis fósseis convencionais, como petróleo e carvão, como grandes ameaças.
Em recentes afirmações, três grandes especialistas em meio ambiente - Fred Krupp, diretor-executivo da Environmental Defense; Jonathan Lash, presidente do World Resources Institute (WRI); e James Gustave Speth, da Escola de Estudos Ambientais e Florestais da Escola de Yale – pararam de oferecer resistências à energia nuclear, enfatizando que é mais importante encontrar soluções para a segurança econômica e para o armazenamento de resíduos do que rejeitar as tecnologias nucleares por completo.
Esses esforços para ampliar a fronteira ortodoxa dos ambientalistas coincide com a mobilização do senador John McCain, Republicano do Arizona, para que o governo ofereça incentivos financeiros significativos para o desenvolvimento de tres novas tecnologias nucleares. A idéia tem o contraponto do senador Joseph I. Lieberman, Democrata de Connecticut, que quer patrocínio para regular as emissões de gases de efeito estufa.
No entanto, grupos como a Greenpeace norte-americana, o Sierra Club, a World Wildlife Fund (WWF) e o Grupo de Pesquisas de Interesse Público dos Estados Unidos argumentam a uma voz que qualquer dinheiro gasto com energia nuclear seria um injustificável desvio de recursos de soluções mais promissoras, como conservação de energia e investimentos em fontes renováveis. (NY Times, 15/5)