Ao participar nesta quarta-feira (11/05) do I Encontro nacional sobre os impactos do chumbinho na saúde pública, no Rio de Janeiro, o coordenador executivo do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Sezifredo Paz, alertou para os risco decorrente do uso do agrotóxico Aldicarb, vendido comercialmente como Temik 150, e utilizado nas culturas de algodão, banana, café, cana-de-açúcar, citros e feijão. O agrotóxico deveria ser vendido em casas de materiais agropecuários, mas vem sendo comercializado ilegalmente em feiras livres e até camelôs do País como raticida, conhecido como chumbinho.

Desde julho de 2003, o Idec vem solicitando à Anvisa ações e medidas para a eliminação do problema. De acordo com estimativas de Centros de Informações Toxicológicas e do Estudo Epidemiológico, realizado pelo Centro de Estudos e Pesquisa em Saúde Coletiva (Cepesc), da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), as tentativas de suicídio por chumbinho compreendem de 70 a 90% dos casos. Desse total, de 10% a 30% se devem à ingestão acidental, ocorrida principalmente com crianças. Outra proposta feita pelo Instituto durante o encontro foi a de adicionar alguma substância de forte odor na composição do Temik 150, o que obrigaria o manipulador a utilizar máscara desde a abertura da embalagem até sua aplicação. Entre as alternativas de controle, o Idec sugeriu a possibilidade de o veneno ser comercializado através de venda aplicada. Para o Idec, os Estados devem fiscalizar, de fato, o comércio de agrotóxicos, dando ênfase ao Aldicarb e verificando in loco, por meio das receitas agronômicas, se o destino foi de fato para uso na agricultura.

O evento, promovido pela Secretaria de Saúde e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), tem por objetivo desenvolver ações e estratégias para redução ou eliminação dos agravos à saúde ocasionados pelo produto, cuja reavaliação toxicológica está agendada para o segundo semestre deste ano.(Eco Agência, 12/05)