IEF embarga na Ilha Grande obras que ameaçavam paraíso ecológico
2005-05-13
O Instituto Estadual de Florestas (IEF) embargou a reforma de quatro casas numa área de 1.500 metros quadrados próximo à Praia de Lopes Mendes, no Parque Estadual da Ilha Grande. De acordo com o IEF, foi descoberto um sítio arqueológico no local, que também serve de reprodução e desova do jacaré-do-papo-amarelo, ameaçado de extinção.
A Iraty Imóveis e Representações Ltda, responsável pelo empreendimento, foi notificada segunda-feira, segundo o IEF. A empresa poderá ser multada em até R$ 50 mil, com base na lei estadual 3.467, que trata de crimes ambientais. — Lopes Mendes é um paraíso ecológico que precisa ser preservado — disse o presidente do IEF, Maurício Lobo.
De acordo com Lobo, a empresa já tinha sido notificada em 9 de março. Na operação de segunda-feira passada, 19 pessoas trabalhavam na reforma das residências quando os fiscais chegaram. Segundo ele, os operários utilizavam a água de um córrego para abastecer o canteiro de obras. — O local não pode ser habitado por ser uma unidade de conservação ambiental — afirmou o presidente do Comitê de Defesa da Ilha Grande, Alexandre Guilherme de Oliveira e Silva.
A sede da Iraty, segundo consta no processo do IEF, seria na Avenida Paulista 2.100, no Centro de São Paulo. O endereço, porém, é do Banco Safra, que garante que a empresa não faz parte do grupo. Nenhum representante da Iraty foi localizado para comentar o embargo.
O Parque Estadual da Ilha Grande conta com aproximadamente 5.600 hectares, com praias e trilhas para os visitantes. Na área, onde há 32 microbacias hidrográficas, existem dois presídios desativados em ruínas. O parque foi criado em 1971 e atualmente é administrado pelo IEF. São 40,8 quilômetros quadrados que formam um triângulo entre Abraão, Lopes Mendes e Parnaioca. (O Globo 12/05)