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2005-05-11
Na América Latina e Caribe, quase 80 milhões de pessoas carecem de serviços de água potável e cerca de 120 milhões, de serviços de saneamento, situação que se vê, a cada dia, mais agravada por uma crescente contaminação hídrica, que alcança níveis alarmantes. O alerta parte de um trabalho da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), intitulado O desenvolvimento produtivo baseado na exploração dos recursos naturais, de Fernando Sánchez Albavera, diretor da Divisão de Recursos Naturais e Infra-Estrutura. O autor apresenta, entre outros, os problemas dos recursos hídricos e as preocupações que deveriam abarcar as políticas públicas. Também propõe reformas e novos enfoques para una melhoria da situação. Ele pleiteia os conceitos relacionados com o desenvolvimento produtivo, definindo o patrimônio mundial e as vantagens naturais. Sánchez afirma que o desenvolvimento produtivo e sustentável depende dos processos tecnológicos aplicados sobre o patrimônio. Para os recursos hídricos, propõe uma gestão integrada, a qual supõe a gerência e o aproveitamento coordenado da água, da terra e dos outros recursos relacionados: a meta de tal gestão e maximizar o bem-estar social e econômico de maneira eqüitativa, respeitando a sustentabilidade dos ecossistemas.

O diretor da Cepal enfoca a situação hídrica da região, ressaltando que a disponibilidade e a qualidade da água estão afetadas de maneira crescente por distintos fatores, como o crescimento demográfico, a crescente urbanização ou a expansão da indústria. A contaminação da água tem conseqüências tanto na saúde, como na competitividade das empresas. O estudo pleiteia a necessidade de melhorar a gestão dos recursos hídricos, apresentando os problemas das políticas públicas existentes. As reformas sobre a gestão da água têm muitas disparidades, segundo os países da região. Poucos países têm adotado reformas, as legislações são obsoletas ou inapropriadas. O autor sugere superar a fragmentação destas políticas com uma visão mais global. Insiste sobre o fato de que a resolução dos problemas não só exige maiores investimentos, mas que também requer uma melhor gestão da demanda. Propõe distintas formas de integração para a gestão, que deveriam abarcar as políticas públicas.

Organizações não governamentais que participam do fórum mexicano Em Defesa da Água denunciam que a Coca-Cola, uma das maiores engafarradoras do mundo, está tentando controlar as fontes de água em Chiapas, a principal zona de reserva de água de México. O pretexto utilizado pela transnacional para expandir sua presença na região seria a construção de escolas nas comunidades, onde adquirem prédios com fontes de água. a empresa também estaria considerando a instalação de uma e engarrafadora San Cristóbal de las Casas, onde existem córregos do serrote Huitepec e em Huixtán, zonas com grandes reservas hídricas. Juntamente com a Nestlé e Pepsi, a Coca-Cola é uma das principais engarrafadoras de água no país. Segundo a imprensa mexicana, se estima que as vendas de água engarrafada, por ano, no México, são de quase 12 bilhões de pesos, enquanto que a Comissão Nacional dá Água (Conagua) capta pelo serviço de água potável cerca de 16 bilhões de pesos.

Para as organizações de defesa da água, a comercialização do líquido em garrafas de plástico é outra das formas de privatização do recurso, processo que tem se expandido no mundo durante os anos recentes, e as empresas que controlam esse mercado procuram se assentar nas regiões onde a água está garantida. Somado ao controle dos serviços de água potável que três empresas exercem em todo o mundo - Suez, Vivendi e RWE-Thames - estão estas companhias engarrafadoras, que também monopolizam a atividade. De acordo com informação da Conagua, na zona, se encontram 50% da água de todo o país. Segundo o Centro de Investigações Econômicas e Políticas de Ação Comunitária, a Fundação Coca- Cola Chiapas informa que, em quatro anos, já construiu escolas nos municípios de Pantelhó, Huixtán, Comitán e, recentemente, em Pantepec, além de ter reabilitado dois albergues escolares indígenas nos municípios de Tila e El Porvenir, com o apoio do governamental Comitê de Construção de Escola do Estado (Cocoes). Estas obras têm beneficiado mais de 850 crianças tzeltales, tzotziles e zoques, e centenas de comunidades de onde provêm. Por outro lado, a Coca-Cola, depois da vitória do presidente Vicente Fox, que foi representante da transnacional no México, incrementou suas instalações em Chiapas, no uso do solo para extração, processamento e engarrafamento de água no aqüífero mais rico de San Cristóbal de las Casas, nas encostas do serrote Huitepec, uma reserva ecológica administrada pela ONG conservadora Pronatura e assinalada como uma organização ambientalista que recebe fundos da Coca-Cola México.(Eco Agência, 9/5)

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