Associação defende implantação de usina nuclear na Paraíba
2005-05-10
Trinta e seis dias após a expedição da Brasil Não é Nuclear, promovida pela ONG Greenpeace passar pela Paraíba, o presidente da Associação Brasileira de Energia Nuclear, o engenheiro Edson Kuramoto, defende a construção de usinas no Nordeste, inclusive uma no Estado, bem como minirreatores no interior. A energia térmica seria utilizada, em parte, para mover usina de dessalinização no litoral paraibano, além de pequenos equipamentos no interior instalados nos poços artesianos, a fim de garantir água potável por muito tempo para toda a população do Estado.
Para Kuramoto, a dessalinização da água do mar, processo utilizado em alguns países, iria suprir a carência de água potável na Paraíba e demais estados nordestinos. – A energia nuclear, que é segura, iria contribuir para resolver o problema da carência de água potável, justificou o dirigente, acrescentando que os resíduos nucleares ficariam na própria usina, sem risco de contaminação. A matéria-prima seria o urânio do Ceará. – O país hoje é o terceiro no mundo em reservas de urânio, adiantou.
Ele também criticou a recente expedição do Greenpeace que passou por Campina Grande, pedindo apoio da população contra a instalação do minirreator nuclear. – Esta organização internacional é contra o desenvolvimento tecnológico e energético do Brasil, comentou. O presidente da Aben quer incluir sua proposta no programa brasileiro de expansão nuclear que está sendo discutido no Ministério da Ciência e Tecnologia. A idéia seria edificar uma usina e minirreatores com 300 MW. – A energia nuclear pode ser usada na inclusão social, ressaltou. Para ele, o futuro é a energia nuclear, visto que o Brasil já sofreu com o apagão.
ANGRA 3
Kuramoto defende a construção da Usina Nuclear Angra 3, no Estado do Rio de Janeiro, sob o argumento de que já foram investidos US$ 750 milhões em equipamentos que prescindem de um gasto anual de US$ 20 milhões em manutenção. No seu entendimento, além de representar a diversificação da matriz energética e adicionar 1.350 MW ao sistema interligado, o término da obra é essencial para se manter a capacitação tecnológica adquirida nos mais de 20 anos do programa nuclear brasileiro.
Na visão do engenheiro, o país atingiu um patamar de desenvolvimento na área nuclear que poucos países. Para Edson, não se justificam as pressões que o programa nuclear vem sofrendo contra as instalações de enriquecimento de urânio. Lembra que o Brasil cumpre todos os tratados internacionais dos quais é signatário e sempre cooperou com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) e as demais organizações de salvaguardas nucleares. (Jornal da Paraíba 09/05)