Desmatamento e mineração ameaçam as águas da represa Guarapiranga em São Paulo
2005-05-10
O desmatamento e a poluição das águas seguem ameaçando um dos mananciais
mais importantes para o abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo,
a sub-bacia hidrográfica do Guarapiranga. Em sobrevôo realizado no final de
fevereiro deste ano (2005), equipe do ISA - Instituto Socioambiental constatou que
atividades de supressão de vegetação, carvoaria, mineração, remoção de terra
e despejo de materiais inertes, como sobras de construções, estão ocorrendo
de maneira irregular em diversos pontos da sub-bacia, inclusive ao lado de
rios e do próprio reservatório da Guarapiranga.
As atividades foram fotografadas durante o sobrevôo e, posteriormente, a
equipe do ISA checou a exata localização de cada uma delas. Além de conferir
a situação legal das minerações, como as concessões de lavra pelo DNPM -
Departamento Nacional de Produção Mineral. Em dois dos casos flagrados, as
áreas exploradas diferem daquelas concedidas pelo órgão federal.
Com as informações consolidadas, a coordenadora do Programa Mananciais do
ISA, Marussia Whately, reuniu-se (no dia 2 de maio) com o
secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, José Goldemberg.
Apresentou-lhe uma carta e um documento detalhando as irregularidades. A
carta do ISA solicita a verificação da denúncias pelas autoridades
estaduais. E, caso sejam confirmadas, a interrupção das atividades e o
cancelamento das licenças de operação.
“Nosso objetivo com essa ação é colaborar com os órgãos públicos
responsáveis pela fiscalização dos mananciais” diz Marussia. “Acreditamos
que a gestão destas áreas deve ser participativa e contar com as
contribuições da sociedade civil”. José Goldemberg afirmou que em duas
semanas a secretaria informará as providências do governo do estado para
cada um dos quatro casos.
Carvoarias e desmatamento - Duas das denúncias dizem respeito à produção de
carvão a partir do desflorestamento da vegetação local. A primeira delas tem
provocado a supressão de área de Mata Atlântica em estágio médio de
regeneração, o que é proibido pelo Decreto Federal nº 750, de 1993, pelo
Código Florestal e pela legislação estadual que trata da proteção dos
mananciais. O corte e queimada da madeira vem sendo feito a menos de 50
metros de um curso d´água, nas proximidades do município de Embu-Guaçu.
Outra carvoaria foi localizada às margens da represa Guarapiranga e perto do
Parque Ecológico Guarapiranga. Nos últimos dez dias, a prefeitura de
Embu-Guaçu derrubou 12 fornos no local. “As pessoas que estavam trabalhando
fugiram quando os fiscais chegaram, mas vamos também notificar e multar o
dono da área, que é privada”, explica Jumara Bocatto, secretária de Meio
Ambiente do município.
Um terceiro caso relatado no documento apresentado pelo ISA trata das
atividades de duas empresas mineradoras que estão explorando o solo da
sub-bacia fora dos limites aprovados pelo DNPM. A mineração estaria,
portanto, irregular. O último caso trata de área com movimentação de terra e
depósitos de materiais inertes. A atividade está sendo feita às margens de
cursos d’água na área da várzea do rio Embu-Mirim. Na oficina realizada pelo
ISA em março, como parte do projeto “Diagnóstico Socioambiental
Participativo da Bacia da Guarapiranga”, técnicos de prefeituras locais
alegaram que, apesar da aparente irregularidade, a atividade fora autorizada
pelos órgãos estaduais competentes. (fonte: ISA)