Estudo apura a qualidade dos mananciais gaúchos
2005-05-09
O resultado de uma pesquisa realizada durante 14 meses por um casal de empresários apontou que é satisfatória a qualidade da água do Guaíba se comparada com a dos rios das principais capitais brasileiras. O levantamento, porém, indicou que pontos próximos aos centros urbanos nos rios dos Sinos, das Antas e do Caí apresentavam contaminação por esgoto e presença de algas no período em que as análises foram feitas.
A aventura do inglês naturalizado brasileiro Gérard Moss, 50 anos, e da mulher dele, a queniana Margi Moss, 50 anos, em busca da qualidade das águas doces do país se iniciou em outubro de 2003. Ao longo de 14 meses, eles sobrevoaram 120 mil quilômetros em busca de amostras de rios e lagoas. No Rio Grande do Sul e em parte de Santa Catarina, coletaram 126 amostras.
Dos pontos analisados, os que mais chamam a atenção negativamente estavam nos rios dos Sinos, das Antas e do Caí. Nas regiões Central e da Fronteira Oeste, Moss e Margi verificaram que os rios Ibicuí, Santa Maria e Vacacaí apresentavam trechos com baixo nível de água. Outra informação que merece atenção é a referente ao Rio Uruguai. De acordo com o levantamento, o rio perde qualidade na medida em que se aproxima da fronteira com a Argentina. – O trabalho tem o objetivo de fazer um levantamento inédito e divulgar a importância da água doce no Brasil - explica Moss, que ainda este ano pretende lançar um livro e um documentário sobre os 400 rios apurados no país.
Para o biólogo Donato Feiji Abe, pesquisador do Instituto Internacional de Ecologia, a investigação é inédita no mundo. – Pela primeira vez foram coletadas amostras em um número significativo de rios - afirma Abe, responsável pela análise dos dados. No Estado, o diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, Rogério Dewes, prefere cautela ao comentar as informações. De acordo com Dewes, são necessárias coletas e estudos periódicos para atestar a qualidade de um rio.
- É o que estamos fazendo no Rio Gravataí, o mais poluído do Estado - diz o técnico.
Na visão de Dewes, o principal mérito da investigação está na sua abrangência.
A situação
A má notícia
- O estudo constatou que vários pontos dos rios dos Sinos, das Antas e Caí apresentavam o estado eutrófico, o terceiro de quatro estágios utilizados para mensurar a qualidade das águas dos rios. No estágio eutrófico, há elevada concentração de nitrogênio e fósforo na água. Na prática, significa uma água de baixa qualidade. É um estágio anterior ao hipereutrófico, o mesmo registrado em rios como o Tietê, em São Paulo.
A boa notícia
Dos mananciais das principais cidades brasileiros, o Guaíba, na Capital, está entre os que apresentam melhor qualidade.
Nível abaixo do normal
Rio Ibicuí
Rio Vacacaí
Rio Santa Maria
Uso das águas pelas lavouras, retirada de areia e períodos de estiagem são apontados como as principais causas dessa situação.
Como foi feito o trabalho
Ao longo de 14 meses, o inglês naturalizado brasileiro Gérard Moss, 50 anos, e a mulher dele, a queniana Margi Moss, 50 anos, sobrevoaram 120 mil quilômetros coletando amostras de água de rios e lagoas para análises. Especialistas acreditam que o trabalho é inédito no mundo. (ZH 08/05)