Vilão do efeito estufa é valorizado
emissões de co2
2005-05-06
A entrada em vigor do Protocolo de Kyoto, em fevereiro passado, está transformando em mercadoria o principal vilão do efeito estufa: o dióxido de carbono (CO2). O tratado internacional deverá impulsionar o chamado mercado de carbono, pelo qual é possível trocar a redução de gases que colaboram para o aquecimento global por créditos, que depois poderão ser negociados.
O sistema permite a investidores de países que precisam reduzir suas emissões de CO2 financiar, em outros territórios, projetos que diminuam a poluição atmosférica. Os chamados créditos de carbono, emitidos por um comitê executivo ligado à Organização das Nações Unidas (ONU) e sediado na Alemanha, poderão ser conquistados por empresas e governos que criarem ou implantarem projetos em linha com o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL).
Quem diminuir a emissão de gás carbônico pode obter os chamados Certificados de Redução da Emissão (veja como os países podem obtê-los no quadro ao lado), moeda de troca no mercado de carbono. O certificado será convertido emcrédito, que pode ser abatido da cota que o país tem de cumprir ou ser vendido a terceiros.
Ainda não há cotação para os certificados
Ainda não há um valor oficial para os certificados. Atualmente, esta negociação gira em torno de US$ 5 por tonelada, segundo estudo da PricewaterhouseCoopers. O Brasil é visto por especialistas como um dos mercados preferenciais para investimentos. – Temos áreas imensas desmatadas, que poderiam se prestar a projetos de reflorestamento - explica o coordenador do Laboratório de Física Atmosférica da Universidade de São Paulo (USP), Paulo Artaxo. O governo estadual criou uma comissão para assessorar projetos para atrair investimentos estrangeiros na área de desenvolvimento limpo. Para o secretário-executivo do Fórum Nacional de Mudanças Climáticas, Luiz Pinguelli Rosa, o otimismo em relação aos ganhos com o mercado de carbono deve ser relativizado. – O que estamos fazendo é evitar que as próximas gerações paguem por nossa irresponsabilidade - diz. (Diário Catarinense 05/05)