Lideranças empresariais de Foz do Iguaçu solicitaram ao governo federal o encerramento da atividade hoteleira dentro do Parque Nacional do Iguaçu, reserva de 185 mil hectares situada na Região Oeste do estado, limite com a Argentina. O pedido foi feito com base em um estudo de 74 páginas elaborado pela Universidade Cândido Mendes (Ucam) que sugere a instalação de um Centro de Estudos e Pesquisas no prédio hoje ocupado pelo Hotel das Cataratas, o único do parque.

O estudo, chamado de Análise Sócio-Ambiental Estratégica para Foz do Iguaçu, foi solicitado pela Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi), Associação Brasileira da Indústria Hoteleira (Abih) Regional Oeste e Sindicato de Hotéis, Bares e Similares (Sindhotéis). O documento foi entregue na semana passada ao Ministério do Planejamento, para ser apreciado ao ministro Paulo Bernardo.

O contrato do hotel das Cataratas, administrado pela Rede Tropical de Hotéis, do Grupo Varig, vence no dia 31 de agosto deste ano. Os empresários da cidade estão reivindicando o cancelamento da próxima licitação prevista para a escolha da empresa que vai ocupar as instalações do hotel. O prédio pertence à União e a concessão é de responsabilidade do Serviço do Patrimônio da União (SPU), vinculado ao Ministério do Planejamento.

Segundo o presidente da Acifi, Wanderlei Teixeira, a proposta do empresariado local é transformar as instalações do hotel em um Centro de Estudos e Museu, ligado à Unesco. Para ele, essa é uma maneira de agregar valor à economia local e oferecer ao turista mais um atrativo dentro do parque nacional. – Estamos defendendo a tese de que não deve ter hotel dentro do Parque Nacional, diz.

Na opinião de Teixeira, a cidade tem direito de sugerir um novo modelo de utilização do prédio. Para o empresário, a iniciativa não vai afastar investimentos na cidade porque o encerramento da atividade hoteleira dentro do parque vai obrigar os grupos hoteleiros interessados na concessão do hotel a construir um estabelecimento fora do Parque Nacional, gerando novos empregos. – A cidade não vai perder absolutamente nada, salienta.

Segundo o diretor do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Pegoraro, a presença de um hotel dentro do parque traz impactos ao meio ambiente. Um deles é o atropelamento de animais na estrada de acesso às Cataratas. Somente este ano, 30 espécies foram mortas – a maioria à noite. O acesso de turistas ao parque é feito por meio de ônibus. Os carros pequenos só entram na reserva para realizar serviços internos e transportar hóspedes ao hotel. (Gazeta do Povo-PR 04/05)