Solo do Vale do Taquari é um dos mais férteis do mundo
2005-05-03
O Vale do Taquari tem solos mais férteis que a Mesopotâmia.A afirmação é do geólogo e professor da Univates Henrique Fensterseifer, que há 15 anos se dedica ao estudo da formação geológica da região. Ele explica que além da deposição de matéria orgânica nas várzeas do Rio Taquari, a presença de rochas basálticas faz aumentar o volume de nutrientes nos solos de várzea (nível mais baixo) e na paleovárzea (nível mais alto da região baixa). Nas encostas e no planalto da Serra Geral, abrangendo Soledade, Guaporé, Pouso Novo, Encantado, Roca Sales, Muçum, Teutônia e Westfália, desenvolveram-se solos muito férteis, ideais para a agricultura.
Os agricultores dos municípios de abrangência do escritório regional da Emater de Estrela, que compreende os vales do Taquari, Caí e Rio Pardo, recebem orientação contínua de profissionais sobre como conservar o solo. A degradação da maior riqueza material da propriedade é resultado de sua utilização para a produção agrícola. O engenheiro agrônomo da Emater Regional Estrela, Derli Paulo Bonine, explica que os problemas derivados do processo de degradação do solo atingem diretamente os agricultores pela redução de seu potencial produtivo.
O trabalho da Emater Regional leva em conta a diversidade da natureza da degradação do solo. Onde o relevo é acidentado, como é o caso de transição do Vale do Taquari para a Serra, as áreas declivosas são mais suscetíveis à erosão. Nesses casos as principais práticas utilizadas para o controle da erosão são a cobertura do solo com plantas recuperadoras, com posterior plantio de direto ou cultivo mínimo. É realizada também a implantação de cordões em contorno vegetados, com a finalidade de reter as enxurradas. Também ocorrem situações em que os agricultores cultivam milho após a lavoura de fumo, visando a confecção de silagem (milho seco picado) ou para fornecer como pasto para as vacas de leite. A prática determina um esgotamento da fertilidade do solo, pois retira toda a matéria verde, tanto do fumo como do milho. O solo sem o acréscimo desta matéria verde se torna seco e sem vida, estando mais propício à compactação. Nesse caso a principal prática adotada pelos agricultores com a orientação da Emater é a descompactação através da aplicação de implementos apropriados seguida da semeadura de aveia. Em cultivo de hortaliças, que envolve intensa mecanização, principalmente o uso da enxada rotativa, são intensas a compactação e desestruturação do solo. O engenheiro agrônomo diz que estas práticas aliadas à utilização de agrotóxicos são potencialmente poluidoras dos rios e córregos, já que normalmente as áreas de cultivo de hortaliças se situam próximas aos cursos da água. (Informativo, 30/04)