Projeto federal ancorado no protocolo de Kyoto reúne prefeitos do Sul e Sudeste
2005-05-02
Utilizar os aterros sanitários para gerar energia,
diminuir a poluição ambiental e ainda obter recursos
internacionais para promover a inclusão social dos
catadores de lixo. Essa possibilidade, que já é
utilizada em outros países, foi apresentada e
discutida por representantes de 41 cidades do Sul e
Sudeste, reunidos nesta sexta-feira (29/04), em
Guarulhos, na Grande São Paulo. A Oficina de
Capacitação em Mecanismo de Desenvolvimento Limpo é
promovida pelos ministérios das Cidades e do Meio
Ambiente, que querem estimular as prefeituras a criar
propostas de reaproveitamento dos resíduos sólidos.
Os dois ministérios patrocinarão estudos de
viabilidade técnico-econômica em 30 dos 200 municípios
mais populosos do país para a geração de energia a
partir dos gases poluentes emitidos em aterros
sanitários e lixões. Além de reduzir os danos
ambientais, o projeto, caso seja efetivado, receberá
créditos de carbono, que são investimentos
estrangeiros dos países mais ricos.
Segundo Sérgio Bueno, assessor técnico da Secretaria
de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, os
estudos servirão para decidir se é viável a geração de
energia a partir dos gases poluentes. — Só poderemos
saber qual é o potencial estudando cada localidade,
cada município, em função do que é gerado. De acordo
com ele, o estudo de viabilidade identificará o
potencial de cada município em gerar certificados de
redução de emissões e também aproveitamento do metano
e do CH4 existentes para a geração de energia.
O Protocolo de Kyoto prevê o comércio de créditos de
carbono, pelo qual os países emissores de gases que
provocam o efeito estufa podem amenizar suas
dificuldades em alcançar suas metas de redução desses
gases investindo em projetos de redução de emissão em
outros países. Assim, há uma garantia de que a redução
está sendo conduzida em todo o mundo.
Segundo Bueno, esses recursos devem ser destinados,
na opinião do Ministério das Cidades, em projetos
voltados à inclusão social dos catadores (de lixo) e
que contribuam para o desenvolvimento local
sustentável. São projetos que beneficiam a melhoria da
qualidade de vida, a geração de ocupação e a renda nas
populações que estão em torno dos aterros sanitários.
A definição dos 30 municípios participantes deve ser
anunciada em 8 de junho. Os estudos serão financiados
pelo governo japonês, que doou US$ 973 mil para o
projeto e US$ 600 mil serão usados para a realização
dos estudos nas cidades. (Agência Brasil, 29/04/2005)