Após 16 anos de uso, vala séptica de Curitiba/PR é lacrada pelo IAP
2005-05-02
A vala séptica que recebeu o lixo hospitalar de
Curitiba (PR) e 13 municípios da região metropolitana
(RMC) nos últimos 16 anos foi lacrada definitivamente
na quinta-feira (28/04) pelo IAP - Instituto Ambiental
do Paraná. A partir de agora, as prefeituras e
estabelecimentos de saúde terão que contratar empresas
especializadas para cuidar da coleta, tratamento e
destinação final dos resíduos infectantes. Por dia, a
vala séptica abrigava 14 toneladas de lixo infectante.
Em uma década e meia, o depósito recebeu 57 mil
toneladas de dejetos. Na RMC, as prefeituras preparam
planos de gerenciamento junto ao IAP. Já em Curitiba,
a responsabilidade pelos resíduos está sendo discutida
na Justiça.
Enquanto a vala era fechada, os estabelecimentos de
saúde da capital sofreram um revés
na disputa para ter o lixo infectante recolhido pela
prefeitura. O TJ - Tribunal de Justiça acolheu um
recurso impetrado pela administração municipal e
suspendeu a liminar da juíza Fabiana Passos de Melo,
da 1.ª Vara da Fazenda Pública, que obrigava o
município a continuar recolhendo os resíduos
hospitalares.
O Sindipar - Sindicato dos Hospitais e
Estabelecimentos de Serviço de Saúde do Paraná havia
entrado com uma ação pedindo que a prefeitura fosse
considerada definitivamente responsável pelo serviço
de coleta, transporte, tratamento e destino dos
dejetos e conseguiu a liminar no início da semana. Por
conta do impasse, a coleta não foi realizada.
No Hospital Cajuru, um dos maiores da cidade, os cerca
de 500 quilos de resíduos produzidos desde o fim da
tarde de quarta-feira (27/04) não foram recolhidos. De
acordo com a enfermeira do Serviço de Controle de
Infecção, Jurinâ Oromi Lopes, o hospital dependia do
serviço da prefeitura. Com a decisão do TJ, o
hospital, que já estudava contratos com empresas
especializadas, terá que cuidar do seu próprio lixo.
O Sindipar garante que os hospitais vão realizar a
coleta a partir desta sexta-feira (29/04), mas avisa que
a disputa judicial vai continuar.
Conama
A prefeitura se baseia numa resolução do
Conama - Conselho Nacional do Meio Ambiente que
determina que a responsabilidade pela destinação final
do lixo infectante é dos geradores. A Fehospar -
Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços
de Saúde do Paraná, da qual o Sindipar faz parte,
defende que como os resíduos são produzidos na verdade
pelos pacientes, o poder público deveria se
responsabilizar por ele.
Além disso, o presidente da Fehospar, José Francisco
Schiavon, diz que a despesa com este tipo de serviço
já está previsto no orçamento do município. — Os
hospitais não podem ser induzidos à dupla tributação
decorrente da taxa de coleta de lixo do IPTU e
contratação de serviço terceirizado, diz.
Segundo o procurador do município, Ivan Bonilha, na
previsão orçamentária do município constam os gastos
com os 500 quilos de lixo produzido pelas unidades
municipais de saúde, no valor de R$ 45 mil. De acordo
com ele, a administração poderia até ser questionada
pelo Tribunal de Contas, se utilizasse recurso público
para arcar com gastos com serviço de tratamento de
lixo produzido por estabelecimentos particulares.
A prefeitura acredita que, a partir da sexta-feira (29/04),
a coleta vai se normalizar porque os grandes geradores
de resíduos infectantes já tinham encaminhado seus
planos de gerenciamento.
Fiscalização
A fiscalização para identificar
irregularidades na destinação do lixo e
estabelecimentos que não providenciaram seus planos já
começou em Curitiba. Na capital, a Vigilância
Sanitária e a Secretaria de Meio Ambiente dividem o
trabalho.
Nos municípios da região metropolitana, o IAP começa
na sexta-feira a fiscalização. Até quinta-feira, o
órgão não tinha recebido os planos de gerenciamento
das prefeituras de Campo Magro, Colombo, Fazenda Rio
Grande, Mandirituba, São José dos Pinhais e Piraquara.
A maioria das administrações também não enviou o
cadastro dos estabelecimentos de saúde existentes nas
cidades.
Sem o levantamento, as prefeituras também poderão ser
autuadas nos casos de irregularidades encontradas nos
estabelecimentos privados. A multa pode chegar a até
R$ 50 milhões de acordo com o impacto ambiental
causado pela destinação incorreta do lixo. (Gazeta do Povo/PR, 29/04/2005)