Aterro sanitário gera protestos no cinturão verde de SP
2005-04-29
Moradores e agricultores do leste da Grande São Paulo – conhecida como cinturão verde – realizaram uma carreata ontem em protesto contra projeto de construção de um aterro sanitário de grandes proporções no município de Mogi das Cruzes. Cerca de 180 carros e dois ônibus saíram de condomínios horizontais de luxo para pedir ao prefeito da cidade, Junji Abe, que vete o projeto. Para os moradores, a obra ameaça o ambiente em dos municípios de melhor qualidade de vida na região metropolitana.
Elaborado pela construtora Queiroz Galvão, o empreendimento tem grandes dimensões. Chamado Centro de Tratamento de Resíduos (Centres), o aterro reunirá 2 milhões de metros quadrados. De acordo com a construtora, só 1/3 da área será utilizada. O restante seria reflorestada. O empreendimento está em fase de elaboração do Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto ao Meio Ambiente (EIA/RIMA) por meio de uma equipe multidisciplinar que apresentará o resultado à Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Cetesb). Moradores dos condomínios temem a desvalorização dos imóveis, além dos transtornos do impacto de uma obra de grandes proporções. Os agricultores da cidade, que forma o cinturão verde da Grande São Paulo, temem a contaminação dos mananciais e lençóis freáticos pelos resíduos do aterro.
Ambientalistas da região afirmam que o Centres também ameaça a fauna e a flora. Uma das espécies nativas ameaçadas seria a do sagüi-escuro-da-serra. A região tem áreas preservadas de Mata Atlântica, pois está próxima à Serra do Mar.
Ao receber os manifestantes ontem (28/04), o prefeito de Mogi das Cruzes afirmou ser a favor do projeto, desde que o Centres receba apenas resíduos produzidos na cidade. Existe a possibilidade que o aterro sirva de depósito para o lixo de 40 cidades da região metropolitana de São Paulo. A construtora afirma que a obra não traz nenhum risco à população. Ao contrário, o aterro traria benefícios ao município e à região – Trata-se de uma obra de engenharia moderna e que atenderá a todas as rigorosas exigências da legislação ambiental em vigor e que não oferecerá riscos de contaminação para o meio ambiente- informou.
A Queiroz Galvão, afirmou, ainda, que não haverá contaminação, nem qualquer dano ao meio ambiente. – O solo será impermeabilizado com uma moderna tecnologia e também não haverá riscos para as nascentes, lençóis freáticos de água e para a vegetação. Segundo ela, a escolha da área levou em conta a impermeabilidade do solo, a predominância de pastagem e a ausência de animais em extinção. A nota, diz ainda que o aterro não terá mau cheiro e será um atrativo para as empresas, pois é uma garantia de destinação correta para os resíduos. (GM, 29/04)