Parque Estadual da Guarita está em decadência
2005-04-28
Nem o descaso consegue tirar a beleza natural do Parque Estadual da Guarita, um dos mais bonitos cartões-postais do litoral do Rio Grande do Sul. Mas basta um olhar mais atento para perceber a decadência da área projetada pelo ambientalista José Lutzenberger e pelo paisagista Burle Marx, que reúne em 28,2 hectares mar, falésias, dunas, mata, banhado e lagos. O parque estadual, sob administração da prefeitura de Torres, carece de infra-estrutura para receber os visitantes.
O que resistiu à passagem do ciclone Catarina foi destruído por saqueadores. É o caso do restaurante - destelhado pelos ventos e arrasado por um incêndio neste veraneio.
Os dois lagos, que já serviram de morada para cerca de 50 jacarés, hoje têm apenas dois ou três solitários representantes da espécie Caiman latirostris e alguns cágados. O horto foi abandonado, e as mudas, roubadas. As trilhas estão cobertas pela vegetação. A torre da guarita está em processo de erosão. Na base, o arenito botucatu - herança do deserto que cobriu parte do Rio Grande do Sul há 200 milhões de anos - é alvo de inscrições.
Um projeto de revitalização e sinalização, em 2002, previa uma biblioteca, a instalação de painéis com informações sobre os animais que habitam o parque e a construção de 40 tótens dando informações sobre a cidade de Torres. A idéia que empolgava os ambientalistas na época, hoje causa tristeza. – Encontramos a infra-estrutura abandonada - diz o secretário municipal do Meio Ambiente, Sérgio Lima de Melo.
Um novo plano de revitalização pode ser a salvação do parque. A prefeitura planeja cercar a área para evitar a ação de vândalos e dissuadir criminosos que roubam fios da energia elétrica. Algumas árvores exóticas estão sendo substituídas por espécies nativas. Flores gaúchas, como as orquídeas e bromélias, também vão ganhar mais espaço no horto. Nas estufas, já há mudas de ipê-amarelo, amendoeira-da-praia, canela, anjico e ipê-roxo. (ZH 28/04)