Algumas das manifestações mais ferozes contra a demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol estão partindo justamente daqueles a quem ela visa beneficiar: índios. Desde a semana passada, em protesto contra a homologação da área, indígenas da etnia tuxaua macuxi bloqueiam estradas importantes da região e mantêm como reféns quatro agentes da Polícia Federal.
Conforme os arrozeiros, os protestos são uma prova de que a maioria das etnias locais não quer a reserva, porque ela significaria atraso econômico e desemprego. Para o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Igreja Católica e grande incentivador da reserva, os índios que protestam representam uma minoria entre os 15 mil que vivem na área.

– Por trás desses índios estão o governo do Estado e os arrozeiros. Eles são meros testas-de-ferro. Em muitas manifestações desses grupos, os arrozeiros estavam juntos e forneciam o transporte - afirma Francisco Loebens, coordenador da do Cimi. Para ele, quem afirma que a retirada das lavouras significará atraso econômico demonstra desconhecimento e preconceito. – Índios produzem, e bastante. Eles são parte do projeto de desenvolvimento regional - diz. (ZH 27/04)