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2005-04-27
O diretor de Negócios Estratégicos da Alcoa, João Serafim, admitiu ontem, após participar de uma audiência com o governador Simão Jatene, no Palácio dos Despachos, que a empresa norte-americana, líder mundial no setor de alumínio, poderá optar por outra alternativa se não conseguir iniciar ainda este ano a implantação de seu Projeto Juruti, de extração e beneficiamento de bauxita no município de Juruti, no oeste do Pará. Serafim fez questão de ressaltar que a Alcoa está empenhada na efetivação desse novo empreendimento no Pará, mas que a empresa tem outras alternativas para suprir as suas necessidades imediatas de bauxita, como as reservas que possui no Suriname.

João Serafim não quis fazer maiores comentários quando o repórter perguntou se poderia ocorrer com o Projeto Juruti o mesmo que ocorreu em 1978, quando a Alcoa chegou a manter contatos com o governo do Pará para implantar na ilha de Mosqueiro sua unidade de produção de alumina e alumínio, que acabou indo para São Luís do Maranhão por motivos ainda não totalmente esclarecidos até hoje. Serafim disse apenas que existem outros empreendimentos de concorrentes da Alcoa que estão sendo encaminhados e que o atraso de um ano - que poderá ocorrer, segundo ele, se a empresa não conseguir iniciar a implantação do projeto até o início do segundo semestre deste ano - poderá dificultar a estratégia da empresa.

Há cerca de uma semana o diretor da Alcoa criticou a proposta do Ministério Público do Pará de solicitar mais uma audiência pública para discutir o Projeto Juruti, além das três já realizadas - uma na cidade de Juruti, a segunda em Santarém e a terceira semana passada (20/04) em Belém. Durante esta última audiência, o MP reiterou o pedido para uma quarta audiência em Juruti Velho. O secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Gabriel Guerreiro, disse que, embora o pedido tivesse sido apresentado fora do prazo, iria convocar extraordinariamente o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema) para decidir a respeito. Essa reunião do Coema foi convocada para a próxima segunda-feira, 2 de maio.

Serafim disse que o assunto foi esgotado nas três audiências públicas já realizadas, que são convocadas antes que o Coema conceda a licença prévia para o projeto e, posteriormente, a licença de instalação. Segundo ele, se forem marcadas novas audiências, a empresa poderá não ter condições de aproveitar o período de verão amazônico para dar início às obras de implantação ainda em 2005. Para Serafim, uma reunião técnica de trabalho esclarece muito mais a comunidade local do que as audiências públicas. — Durante as reuniões técnicas pode-se discutir o projeto com mais profundidade do que numa audiência pública, que tem tempo limitado para as pessoas se manifestarem, afirmou.

O diretor da Alcoa explicou que foi no dia 25/04 ao governador Simão Jatene para situá-lo sobre a fase atual do processo e como está andando o licenciamento. Ele esteve acompanhado pelo gerente de Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Relações Comunitárias da empresa, Aljan Machado. Participaram da audiência também o secretário estadual de Produção, Vilmos Grunvald, e o senador Fernando Flexa Ribeiro. Vilmos disse que os diretores da Alcoa reafirmaram ao governador a determinação dos acionistas do empreendimento em manter o projeto no Pará. — É um projeto importante para o desenvolvimento do Estado e o governo está comprometido com a realização de projetos que tragam o desenvolvimento para as regiões onde se instalam, afirmou o secretário.

O promotor Raimundo Moraes, coordenador de Meio Ambiente do MP do Estado, disse ontem que vai defender mais uma vez, na reunião do Coema do dia 2/05, a necessidade de realização de mais uma audiência pública do Projeto Juruti. Ele concorda com o diretor da Alcoa quanto à importância da realização de reuniões técnicas, mas que elas podem ser feitas antes da audiência pública. Moraes apóia inclusive a proposta apresentada pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), de realização de um seminário técnico em maio. Raimundo Moraes ressaltou que as partes estão perto de um acordo, sem necessidade de confrontos. — Nós temos um compromisso com a sociedade. Tudo o que temos feito até agora tem fundamento legal. O que fazemos é uma obrigação do Ministério Público, para que o empreendimento dê certo também do ponto de vista social, e não apenas econômico, acrescentou o promotor. (Diário do Pará, 26/04) O projeto Juruti prevê a produção de 6 milhões de toneladas de bauxita por ano na primeira etapa. O investimento só nos três primeiros anos será de R$ 1 bilhão, com geração de 1.500 empregos diretos na fase de operação e mais de 4 mil durante a fase de implantação. João Serafim falou que a empresa escolheu o município de Juruti para instalar seu projeto porque no local há jazidas de bauxita (matéria-prima do alumínio) para pelo menos 50 anos de operação.

Segundo Serafim, a empresa planeja começar a extração de bauxita em 2008 e poderá instalar uma refinaria em 2011. Até lá, a bauxita extraída em Juruti será levada para São Luís, no Maranhão, onde a Alcoa mantém a refinaria Alumar.

A Alcoa foi fundada em 1888 nos Estados Unidos e está no Brasil desde 1965, onde mantém unidades em Poços de Caldas (MG), São Luís (MA), Itapissuma (PE), Tubarão (SC), Santo André (SP), Sorocaba (SP), Itajubá (MG) e Alphaville (SP), além de unidades em outros países da América Latina.(fonte: www.amazonia.org.br)

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