Embrapa lança primeiro inseticida biológico produzido no Brasil
2005-04-26
A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a empresa Bthek Biotecnologia
lançam nesta terça-feira (26/04) o primeiro inseticida biológico produzido no
Brasil capaz de controlar o mosquito transmissor da dengue, o Aedes aegypti,
e os mosquitos do tipo borrachudo. O inseticida vai ser lançado durante as
comemorações do 32º aniversário da Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária.
Segundo a Secretaria de Vigilância em Saúde, somente neste ano a dengue já
contaminou mais de 38 mil pessoas em todo o país e está presente em pelo
menos 3.600 municípios brasileiros. Já o borrachudo (Simullium spp), cuja
picada provoca muita dor, pode causar alergia e prejudicar a vida de
trabalhadores rurais, o turismo e a agropecuária.
O inseticida biológico, cujo nome comercial é Bt-horus, foi desenvolvido a
partir de uma bactéria conhecida como Bt (Bacillus thuringiensis) que atua
especificamente no controle dos insetos-alvo, ou seja, mata apenas
determinados tipos de inseto, entre eles o Aedes aegypti e o borrachudo.
— Uma grande vantagem do controle biológico é a especificidade da atuação do
agente de controle biológico. Nesse caso, as bactérias isoladas são muito
específicas, algumas atacam o mosquito da dengue, outras, o mosquito urbano,
e não existe, até o momento, nenhum bacilo que controle todas os insetos,
mas achamos que isso é uma vantagem, exatamente pela segurança ambiental,
disse o chefe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel
Dias.
Para desenvolver o produto a equipe do controle biológico da Embrapa,
liderada pela pesquisadora Rose Monnerat, usou um tipo brasileiro do
Bacillus thuringiensis. O desenvolvimento do processo produtivo e a
formulação do produto final foi executado pela Bthek Biotenologia.
Após diversos testes toxicológicos, o produto foi considerado inofensivo à
saúde humana e ao meio ambiente e obteve registro junto ao Ministério da
Saúde e ao Ibama - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis. Já foram feitos testes no campo, com excelentes
resultados, e experimentos em caixas d’água da cidade de Brasília (DF),
ocasião em que os pesquisadores obtiveram um índice de mortalidade de
mosquitos de 100% durante um mês.
Outra vantagem, segundo José Manuel Dias, é que o novo inseticida não cria
resistência nos insetos, problema muito comum em diversos inseticidas
importados. — Vários dos inseticidas que eram utilizados para o controle dos
mosquitos hoje não têm mais efeito. Com o uso contínuo, eles não funcionam
mais. Esse produto não causa resistência, pois sua atuação é biológica, e
não química, explicou.
A expectativa é que em breve o inseticida possa ser utilizado em caixas de água domésticas e em cursos de água. De acordo com Dias, o inseticida só
poderá ser adquirido por empresas especializadas ou pelo governo, já que a
legislação brasileira não permite a venda direta do produto. Dias informou
também que qualquer empresa que queira produzir o inseticida e detenha
tecnologia para isso poderá entrar em contato com a Embrapa e adquirir a
bactéria. — A Embrapa não trabalha com exclusividade com nenhuma empresa. Há
possibilidade de fazer o mesmo tipo de trabalho com outras empresas
interessadas, disse ele. (Agência Brasil, 25/04/2005)