Cerca de 600 hectares de mata nativa foram cortados irregularmente para dar lugar à plantação de pínus no interior de Santa Cecília, no Planalto Norte catarinense. A constatação é de fiscais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), que estão realizando a operação Araucária 4, que visa combater o corte da araucária (árvore ameaçada de extinção) e outros crimes ambientais em solo catarinense. A agilidade em descobrir agressões ambientais na região está sendo possível graças à utilização de um helicóptero do próprio Ibama. Ele sobrevoa toda a região e registra os locais onde possam estar ocorrendo crimes ambientais. Na seqüência, os fiscais vistoriam a área previamente demarcada.

O chefe da fiscalização do órgão no Estado, Marcelo Krammers, lembra que apenas na região de Santa Cecília, desde que foi iniciada a operação Araucária, em 2003, já foram encontrados mais de quatro mil hectares de desmatamentos irregulares. De todas as áreas vistoriadas, e onde foram encontradas irregularidades, a que mais chamou a atenção dos fiscais foi aquela visitada no dia 25/04. Num raio de 50 hectares, o proprietário da terra cortou toda a vegetação e depois ateou fogo para plantar pinus. Com isso, ele destruiu pelo menos 22 nascentes de água e cerca de um quilometro de um córrego que nascia no local e ficou seco. Para completar, o terreno fica num topo de morro, onde é terminantemente proibido o corte de mata. De acordo com vizinhos, o proprietário da área é um empresário de São Paulo, Ailton Wiliczinski.

No mesmo local, os fiscais encontram perto de 50 metros cúbicos de imbuias cortados e prontos para serem comercializados e outros 180 metros cúbicos de outras madeiras, como a peroba e canela preta, que teriam a mesma destinação. Para surpresa da equipe, uma pessoa que se disse encarregada do trabalho na área, que não teve o nome divulgado, apresentou duas autorizações de cortes expedidas pela Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina (Fatma), uma para o corte de 423 hectares e outra para 50. De acordo com ele, o trabalho de fiscalização será intensificado no Estado. Para junho, a intenção é ter, além do helicóptero, um avião à disposição do órgão. (A Notícia, 25/04)