Cidade gaúcha cria hipóteses para tremores de terra
2005-04-25
Os tremores de terra em dois bairros de Nova Prata, com origem ainda desconhecida, têm levado os moradores do município da Serra a criarem hipóteses sobre o que estaria ocorrendo na área afetada, onde vivem 2 mil pessoas. O mistério monopoliza as atenções das vizinhas no papo de janela, dos amigos na roda com outros companheiros e das crianças no intervalo das aulas.
Na falta de respostas das autoridades, o assunto começa a ganhar força entre os outros 18 mil pratenses, cada qual com seu palpite - que vai desde a inexistência de qualquer problema até a possibilidade de um vulcão adormecido estar voltando à atividade.
Para a Defesa Civil, não é nem uma coisa, nem outra. O órgão, além de insistir que não existe risco de catástrofe, reforçou ontem as suspeitas de que o fenômeno que perturba o sono dos moradores dos bairros São Cristóvão e Pôr-do-Sol teria origem na mineração irregular.
O coordenador regional da Defesa Civil, major Aroldo Medina, sobrevoou a área ontem à tarde e percebeu a presença de exploradores de minério na região. Na próxima semana, ele promete intensificar a investigação junto às empresas. O Batalhão Ambiental da Brigada Militar visitará as 110 pedreiras do município.
O procurador do Sindicato da Indústria da Extração de Pedreiras de Região, Nelson Luiz Salvador, nega que o setor seja o responsável pelos transtornos. Moradores, atentos à polêmica, dizem que só estarão aliviados quando acabarem os estrondos e os leves tremores, que duram segundos e chacoalham vidros e paredes de madeira das casas.
Professores da UFRGS conhecerão a área
Clementina Pegoraro, 62 anos, reclama de dores de cabeça em virtude da preocupação com os barulhos. Ela teme uma catástrofe. Por isso, reza todos os dias. No terço, tenta convencer os netos a orar. – Mas eles dizem que precisam fazer os temas... - lamenta Clementina, que pediu à filha Fátima que a família se preparasse com suprimentos para o caso de catástrofe.
Se a dona de casa leva o assunto a sério, o radialista Rogério Vargas, 41 anos, assume a tarefa de exorcizar mitos. Preocupado com o sensacionalismo, ele põe no ar entrevistas com autoridades e fontes oficiais: – Como virou o assunto da cidade, temos a responsabilidade de ajudar a não criar alarmismos.
Na terça-feira, professores do Departamento de Engenharia de Minas da UFRGS conhecerão a área para instalar um equipamento de estudos sísmicos que identifica a composição do subsolo. (ZH 23/04)