No Dia da Terra, Greenpeace faz manifesto contra a mudança climática
2005-04-25
Na última sexta-feira, 22 de abril, quando se comemorou o Dia da Terra, mais de 30 ativistas da Greenpeace afixaram 1,5 mil metros quadrados de tela azul sobre a praia de Castelldefels, em Barcelona, representando a subida do nível do mar, que deve ocorrer neste século, se não for freada a mudança climática.
Conforme explicações dos ambientalistas, uma elevação vertical de um metro do nível do mar implicaria o desaparecimento de aproximadamente 150 metros de praia.
Os ativistas do MV Artic Sunrise pretenderam demonstrar os efeitos que o atual modelo energético terá sobre os espaços costeiros, que serão os primeiros a serem afetados, com as conseqüências econômicas, sociais e ambientais que isto implica.
O navio ecologista realiza uma campanha na costa espanhola, sob o lema Contra a mudança climática, exigimos energia limpa. A campanha será concluída com uma expedição para documentar o degelo da Groenlândia.
–A construção de mais centrais térmicas condenará nossas praias e costas a desaparecerem abaixo do mar por causa da mudança climática, declarou a responsável pela campanha de Energia da Greenpeace na Espanha, Raquel Montón. –Não tem sentido assumir este risco quando, com energias renováveis, podemos obter a eletricidade de que necessitamos, assinalou ela.
Para o final do século, espera-se que a mudança climática ocasione uma elevação média do nível do mar entre 50 e 100 centímetros, segundo um informe publicado pelo Ministério Meio Ambiente da Espanha, no qual se indica que se inundaria boa parte das zonas costeiras baixas que atualmente trazem grandes benefícios sociais e ambientais, como o Delta do Ebro, o Delta do Llobregat, a Manga do Mar Menor ou a costa de Doñana.
O aquecimento global provoca o aumento do nível do mar pela expansão térmica da água, e se acelerará ao longo do século 21, assim como pelo degelo dos glaciares e da Groenlândia e da Antártida. O degelo completo da Antártida e da Groenlândia elevaria o nível do mar em cerca de 70 metros. Portanto, qualquer pequena mudança parcial no volume poderia ter efeitos consideráveis.
O Greenpeace alerta que, se não forem reduzidas as concentrações de gases de efeito estufa, inclusive se elas permanecerem estabilizadas em seus valores atuais, o nível do mar seguirá subindo durante centenas de anos. Uma elevação da temperatura média global, acima de 2ºC, supõe o risco de que se degele grandes partes das zonas permanentemente congeladas da Groenlândia – o nível médio do mar subiria sete metros – e da Antártida – o nível médio subiria de cinco a sete metros.
Nos próximos dias 16 e 17 de maio, será celebrado em Bonn, Alemanha, o Seminário de Especialistas Governamentais, que abordará os compromissos de Kyoto posteriores a 2012. A União Européia fixou o limite de 2ºC para definir uma mudança climática perigosa. –Não ultrapassar os 2ºC deve ser o acordo da reunião de Bonn. Um acordo que esteja ao lado da ciência, no interesse de proteger as vidas humanas, a natureza e a economia, assinalou Montón.
(Com informações de El Mundo, 23/4)