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2005-04-22
A Universidade Federal do Paraná (UFPR) apresentou ontem os primeiros resultados de uma pesquisa que pode ajudar a preservar a araucária, espécie ameaçada de extinção (segundo dados oficiais, resta apenas 0,8% da cobertura original de araucária em bom estado, no Paraná). O estudo consiste basicamente na polinização artificial das árvores. Para demonstrar os efeitos obtidos, cinco pinhas, que haviam sido fecundadas em setembro de 2003, foram colhidas ontem no câmpus de Ciências Agrárias da universidade. Cada uma apresentou de 16 a 97 pinhões originados do cruzamento artificial, segundo informou o engenheiro agrônomo e coordenador da pesquisa, Flávio Zanette, que há 19 anos estuda a araucária.

– Foram colhidos mais pinhões do que o esperado. A partir desse resultado está comprovado que é possível fazer a polinização controlada. Ou seja, produzir manualmente o que o vento faz. Zanette explica que as pinhas foram polinizadas e isoladas (envoltas em um plástico) há um ano e 8 meses. Outras 30 pinhas que estão em árvores maduras serão colhidas no mês que vem. Na segunda fase da colheita, a expectativa é encontrar 150 pinhões em cada pinha porque as árvores são mais velhas.

São duas as metas que a pesquisa pretende alcançar, diz o coordenador do estudo. – A primeira é aumentar o número de pinhões (como alimento) em cada pinha, ou seja, saturar a capacidade de polinização da pinha, que produz entre 200 e 220 pinhões. O segundo passo é obter pinhões geneticamente melhorados. No ano passado, outros 80 botões florais foram cruzados. Todos serão colhidos em abril de 2006. Ao final das colheitas, Zanette diz que será possível determinar o melhor momento para a polinização da pinha.

Com os resultados já obtidos, o coordenador da pesquisa diz que já se pode fazer cruzamentos entre plantas que se encontram em regiões distantes. – Com o desmatamento, em muitos casos, não há disponibilidade suficiente de pólen, justifica. Outro ponto destacado pelo pesquisador é que com o processo de polinização natural as chances de que os pinhões sejam bons é de 50%, percentual que sobe para 100% no método artificial.

Zanette ressalta que o processo de polinização artificial é simples e de custo baixo, sendo necessário apenas o acesso a uma plataforma elevatória (que é utilizada para a manutenção da rede elétrica). Quem tiver interesse na metodologia utilizada na polinização artificial pode procurar a universidade. Segundo o pesquisador, a Associação Paranaense de Empresas de Florestas já se mostrou interessada no estudo e solicitou o orçamento para se cruzar artificialmente 200 pinhas com o intuito de produzir 10 mil pinhões melhorados em dois anos. (Gazeta do Povo-PR 20/04)

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