Bird: fumaça de lenha e falta de água matam cinco milhões por ano
2005-04-22
Cinco milhões de habitantes de países subdesenvolvidos morrem por ano em decorrência da falta de água potável ou por inalar a fumaça das fogueiras de lenha, principal fonte de energia para 2 bilhões de pessoas. A informação é de um relatório que foi apresentado nesta terça-feira (19/04) pelo Banco Mundial (Bird) e denuncia os sérios riscos para a saúde que ameaçam estes países, castigados por fatores como a queima de biomassa e a falta de infra-estrutura sanitária.
O texto destaca os perigos para os países pobres decorrentes da poluição doméstica pela combustão de biomassa, que causa doenças respiratórias em milhões de pessoas. Em países com alta taxas de mortalidade, como Camboja, Burundi e Moçambique, a contaminação doméstica pela inalação de fumaças é a quarta causa de doença e morte, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) incluídos no relatório. Na América Latina e no Caribe, a combustão de biomassa representa 14,6% das fontes de energia, muito abaixo dos 39% do Sudeste Asiático e dos 57,5% da África subsaariana.
Em termos gerais, o relatório indica que a inalação de fumaças em casa provoca 3,6% das mortes nos países em desenvolvimento, e indica a falta de infra-estruturas de água e saneamento como principais causas.
Outro fator de risco é a falta de acesso a água potável, que atinge cerca de 2,85 bilhões de pessoas, 46% da população mundial, segundo dados de 2002. Os países do Sudeste Asiático são as maiores vítimas, com cerca de 2 bilhões de pessoas sem acesso a infra-estruturas de água e saneamento, e os outros 500 milhões de afetados estão na África subsaariana. Na América Latina, têm acesso a água potável 69% da população das zonas rurais e 96% das cidades, embora no caso de infra-estrutura de água e saneamento os números sejam menores, de 44% e 84%, respectivamente.
Outro efeito sobre o meio ambiente que ameaça as comunidades mais desfavorecidas é o crescimento descontrolado das populações urbanas, com a falta de infra-estrutura como conseqüência. Esse fator afeta especialmente a América Latina, onde 77% da população se concentra nas grandes cidades, contra 28% do sul da Ásia, 36% da África subsaariana e 63% de Europa e Ásia central. (UOL/Últimas Notícias, 19/4)