Novo Papa pode alterar impacto da Bíblia no meio ambiente
2005-04-20
O novo Papa pode ter um grande impacto no meio ambiente dependendo de que lado ele apóia o debate bíblico de séculos sobre se os humanos devem explorar ou preservar a natureza, segundo especialistas.
O resultado desse conflito entre os cristãos poderia influenciar tudo, desde o ritmo de exploração de petróleo e gás até o nível de proteção das florestas mundiais, dizem eles.
- O potencial para as religiões mundiais, assim como as religiões indígenenas, de contribuir para a redução dos abusos ambientais é tremendo -disse Baird Callicott, professor de estudos da filosofia e da religião na North Texas University.
- O último Papa fez pouco nesse sentido. Um outro líder religioso mundial, o Dalai Lama do Tibete, fez muito mais - disse ele, acrescentando que o líder budista enfatiza que os seres humanos devem viver em harmonia com a natureza.
O Papa João Paulo II com freqüência criticava os abusos humanos contra o planeta, como fez em 2002, quando disse que o mundo estava vivendo em uma emergência ambiental. Mas ele raramente fez do ambiente uma questão prioritária para os mais de um bilhão de católicos de todo o mundo.
A Bíblia tem passagens que sugerem que os humanos têm o livre controle para dominar a Terra e explorar seus recursos. Mas outras enfatizam a responsabilidade de proteger o planeta.
- Há uma base contraditória para interpretar as escrituras, e a escolha de um novo Papa pode ter implicações profundas sobre isso - disse Eric Woodrum, professor de sociologia da Universidade Estadual da Carolina do Norte.
- Apesar de alguns pronunciamentos sobre proteção ao ambiente, essa não parecia ser uma grande prioridade para o Papa anterior - diz Bron Taylor, editor da Enciclopédia de Religião e Natureza e um acadêmico na Universidade da Flórida.
Segundo ele, a oposição do Papa João Paulo II ao controle de natalidade prejudicou o ambiente ao facilitar o crescimento populacional.
Na Cúpula da Terra da ONU em 2002 em Johanesburgo, que estabeleceu o tom do debate sobre proteção ambiental por uma década, Taylor disse que não havia uma presença importante de membros da Igreja. Ele também diz que outros cristãos fizeram mais para proteger o ambiente que os católicos. (Gazeta do Povo, 20/4)