Jacaré-do-papo-amarelo pode ser criado para exploração comercial
2005-04-20
Após a exclusão da espécie da lista de animais ameaçados de extinção pelo Ibama, criadores brasileiros de jacaré-do-papo-amarelo esperam aumentar o volume de negócios produzindo para os mercados nacional e exterior. Conforme dados do órgão, existem no país atualmente nove criadouros legalizados. Até dezembro de 2002, a espécie Caiman latirostris (nome científico do jacaré-do-papo-amarelo) constava da lista de animais ameaçados de extinção do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
A exclusão do animal da lista ocorreu após estudos apontarem que a população da espécie já se recompôs, permitindo atualmente um manejo sustentado dos jacarés-do-papo-amarelo, disse Isaías José Reis, biólogo do RAN-Ibama (Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios). No maior criadouro da América Latina, localizado em Maceió (AL), cerca de 5.800 animais estão confinados.
A dona da empresa que administra o criadouro, Maria Cristina Ruffo, afirmou que investiu cerca de R$ 3,5 milhões no empreendimento, iniciado em 1994. Ruffo disse que são abatidos no local cerca de cem animais por mês, número que deve aumentar a partir do próximo ano.
No ano passado, em torno de mil jacarés-do-papo-amarelo foram abatidos em seu criadouro. Com a próxima desova dos animais, entre setembro e abril, Maria Cristina Ruffo disse que espera chegar ao total de 8.000 jacarés no local.
Para ela - que montou um segundo criadouro, em Paulo Afonso (BA) -, o principal objetivo após a exclusão do jacaré-do-papo-amarelo da lista de animais ameaçados de extinção é ampliar a comercialização de produtos da espécie no mercado exterior.
– Já enviamos amostras de peles para a Europa e fechamos contratos com árabes interessados em revestir estofados e luminárias de iates com couro de jacaré.
Durante 2005, a empresária afirmou que comercializará cem peles de jacaré-do-papo-amarelo com clientes europeus. O centímetro da pele comercializado em países europeus chega a valer 14 euros (R$ 47,00). A partir de 2006, a produção dobrará ou triplicará, disse Ruffo. – Tenho mil fêmeas em idade de reprodução atualmente.
Ruffo declarou que, mesmo com a comercialização da pele e da carne, que é feita exclusivamente no Estado da Bahia, o principal atrativo em seu empreendimento é a venda de matrizes reprodutoras, geralmente animais de dois anos de idade. A empresária não revelou o valor de venda de uma matriz. (FSP 19/04)