Agricultores portugueses lançam campanha contra transgênicos
2005-04-20
A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) iniciou, no último dia 15 de abril, uma campanha contra a introdução dos transgênicos em Portugal, considerando que o país deve manter a interdição das culturas com sementes geneticamente modificadas (OGM).
A afirmação é de João Vieira, da CNA, em uma coletiva de imprensa, em Benfica do Ribatejo, que reproduziu os anseios de associações de agricultores de Santarém, Leiria e
Lisboa. A imposição de uma distância de 200 metros entre culturas transgênicas e tradicionais, proposta ontem pelo ministro da Agricultura - que na próxima semana
vai a Conselho de Ministros - não resolve absolutamente nada, porque a contaminação faz-se pelo vento e insetos, que ninguém controla, considerou Vieira. –Até mil metros seriam insuficientes, afirmou, alertando para o fato de que, uma vez contaminadas, não
é possível reproduzir as sementes autóctones.
Considerando que se está colocando em questão o direito ancestral de os agricultores utilizarem as suas próprias sementes, João Vieira acusou as multinacionais de quererem privatizar um patrimônio dos povos, pois ficam detentoras de uma patente que
impede os agricultores de reproduzirem as sementes, obrigando-os a comprar todos os anos.
Vieira acusou as multinacionais de manipularem as sementes para as tornarem resistentes aos químicos que depois vendem aos agricultores. A abertura à sementeira de milho transgênico, agora iniciada em Portugal, é apenas a porta de entrada de um movimento que não vai parar e, se a opinião pública não se levantar, vai ser a abertura para
outras sementes e afetar seriamente a biodiversidade, disse. Amândio de Freitas, presidente da Federação de Agricultores de Santarém, sublinhou que Portugal não precisa dos OGM para produzir mais, pois os níveis de produção nacionais são já bastante elevados e os
preços do milho são baixos.
No âmbito da campanha agora iniciada, a CNA vai iniciar o contato com os órgãos autárquicos dos vários conselhos para que iniciem o processo de forma a declararem-se como zona livre de transgênicos, a exemplo do que fez o presidente da Câmara Municipal de Tavira, Macário Correia. (Ecosfera, 15/4)